segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Canário

 

Canário 

 Verner Raimundo de Macedo

* 17/9/1949 Cororipe do Sol, AL


Biografia


Compositor.  Integrou a Ala de Compositores da Portela.  Foi companheiro de trabalho de Agepê (Antônio Gilson Porfírio) na Companhia Telefônica Telerj.  

Dados Artísticos  

Em 1975, sua composição "Moro onde não mora ninguém" (c/ Agepê) foi gravada pelo parceiro em um compacto simples, fazendo enorme sucesso, lançando para o grande público o cantor e compositor Agepê, que passou a gravar as composições da dupla: 

-  Em 1985, "Alegria no ar" (c/ Agepê e Totonho) e "Na paz do congá" (Canário e Edil Pacheco); 
-  Em 1986, "Dançando forró" (c/ Agepê e Pery Cachoeira), "De todas as formas" (c/ Agepê e Zé Katimba) e "Inspiração" (c/ Chiquinho Fabiano e Agepê); 

-  Em 1987, no disco lançado pela gravadora Philips, incluiu "Dona do meu ser", "Louca", "À procura da flor" e "Primeiro beijo", todas em parceria com Beto Correa e Agepê. 

-  Em 1988, em seu LP "Canto pra gente cantar", interpretou "À mercê do teu amor", "Flor da minha paixão"e "Deusa do Gantóis", entre outras. Constam ainda como composições da dupla as músicas "Menina dos cabelos longos", "Moça criança", "Mundo bom".  

Em 1995, seu samba-enredo "Essa gente bronzeada mostra seu valor" (c/ Agepê e Bira Caboclo), foi cantado na última apresentação do companheiro Agepê na Quadra da Portela.

Obra

À mercê do teu amor (c/ Agepê, Roberto da Lopes e Simões PQD)

À procura da flor (c/ Agepê e Beto Corrêa)

Alegria no ar (c/ Agepê e Totonho)

Dançando forró (c/ Agepê e Pery Cachoeira)
De todas as formas (c/ Agepê e Zé Katimba)
Deusa do Gantóis (c/ Agepê e Pery da Bahia)
Dona do meu ser (c/ Agepê e Beto Corrêa)
Essa gente bronzeada mostra seu valor (c/ Agepê e Bira Caboclo)
Flor da minha paixão (c/ Agepê e Roberto Lopes)
Infinito amor (c/ Agepê e Galhardo)
Inspiração (c/ Agepê e Chiquinho Fabiano)
Louca (c/ Agepê e Beto Corrêa)
Menina dos cabelos longos (c/ Agepê)
Moça criança (c/ Agepê)
Moro onde não mora ninguém (c/ Agepê)
Mundo bom (c/ Agepê)
Musa de Ordonho (c/ Agepê e Totonho)
Na paz do congá (c/ Edil Pacheco)
Ninguém faz amor como você (c/ Agepê e Léo da Vila)
Parece que o tempo não passou (c/ Carlito Cavalcanti e Agepê)
Primeiro beijo (c/ Agepê e Beto Corrêa)
Proeza no coração (c/ Agepê e Totonho)

Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira - Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed.Esteio Editora, 2010.

sábado, 23 de dezembro de 2017

Abraão Valério

Abraão Valério

Hélio Dias Valério
 4/8/1940 Rio de Janeiro, RJ 
+ 22/12/2017 Rio de Janeiro, RJ
Biografia

Cantor. Compositor. Instrumentista. Passista.  Percussionista, tocou em vários espetáculos surdo, pandeiro e tamborim.

O pai, Manoel Dias Valério, funcionário da Estrada de Ferro Central do Brasil, era violonista amador, além de tocar pandeiro e berimbau. A mãe, Francisca Dias Valério, teve aulas de canto em Juiz de Fora e atuou em coros de igrejas no Rio de Janeiro.

Ainda menino na década de 1940, levado pelo pai, participava do Bloco Carnavalesco da Dona Belega, no subúrbio de Marechal Hermes.

Na década de 1960, ao lado de Candeia, Joãozinho da Pecadora, Jair do Cavaquinho, Jabolô, Mílton Cebola, Ary do Cavaco, Waldir 59 e Eloy do Bloco Carnavalesco Namorar Eu Sei, entre outros, participou várias vezes do "Pagode no trem", evento criado por Paulo da Portela.

Em várias ocasiões, em discos e shows, também assinou com o pseudônimo Abraão da Portela.

A partir do ano de 1976, com os sambas-de-quadra "Rosas vermelhas" e "Sonho de um portelense", passou a integrar a Ala dos Compositores da Portela, sempre conseguindo boas classificações com sambas-enredos de sua autoria nas disputas dentro da escola. No ano seguinte assumiu o cargo de Secretário Geral do Departamento Musical da Portela.

Entre os anos de 1992 e 1993 atuou na Riotur como jurado do quisito "Bateria, harmonia e samba-enredo" nos desfiles das escolas de samba dos grupos 3 e de Acesso apresentados na Avenida Rio Branco.

Ingressou no Serviço Público no SUS (Ministério da Saúde), onde formou-se em Técnico de Endemias, aposentando-se em 1996.

No ano de 1998 estudou artes dramáticas com o professor Paullo de Souza, no Sesc de Madureira, tendo participado da peça "Faz me rir".

Dados Artísticos

Em 1952 defilou como passista e mascote da Escola de Samba Unidos do Indaiá, de Marechal Hermes.

Nos anos 60 desfilou como passista da Escola de Samba Portela.

Em 1976 Jota Ramos interpretou de sua autoria em parceria com Zé Clóvis "Aqui se faz aqui se paga" no LP "Olé do partido alto Volume 4", lançado pela gravadora Tapecar. Neste mesmo ano foi campeão de samba-enredo no Bloco Carnavalesco Carinhoso de Bento Ribeiro, tendo sido o primeiro compositor de bloco a receber "Direito Autoral de Arena". No ano seguinte, também com o pseudônimo Abraão Valério, participou do disco "O plá dos partideiros", lançado pela gravadora EMI-Odeon, no qual interpretou de sua autoria "Quem comeu passou mal" (c/ Arthur Vilarinho) e "Olho no forasteiro", em parceria com Sílvio Cláudio.

No ano de 1980 Dicró gravou "A recepção", parceria de Dicró, Jota Ramos e Abraão da Portela, este último, também um de seus pseudônimos. No ano seguinte, também assinando Abraão da Portela, sua composição "O professor" (c/ Dicró e Jota Ramos) deu título ao disco de Dicró, lançado pela gravadora Continental.

Em 1985 participou ao lado de Baianinho, Gracia do Salgueiro, Anézio, Tião do Cavaco, Luiz Grande, Marinho da Muda e Crioulo Doido, entre outros, do LP "Partido alto já!", no qual interpretou de sua autoria as faixas "O rei da animação" (c/ Carlos Agrícola) e "Nega esperta", em parceria com João Albuquerque.

No ano de 2007 o cantor Ronaldo Pudim, no CD "Revivendo os bons tempos", lançado pela Casa do Compositor Musical, interepretou "Sonho portelense", de Abraão Valério.

Obra

A recepção (c/ Dicró e Jota Ramos)
Aqui se faz aqui se paga (c/ Zé Clóvis)
Nega esperta (c/ João Albuquerque)
O professor (c/ Dicró e Jota Ramos)
O rei da animação (c/ Carlos Agrícola)
Olho no forasteiro (c/ Sílvio Cláudio)
Quem comeu passou mal (c/ Arthur Vilarinho)
Sonho portelense


Discografia

(1985) Partido alto já! • Gravadora Lança • LP
(1977) O plá dos partideiros • EMI-Odeon • LP


Shows

Roda de samba no Bloco Carnavalesco Carinhoso de Bento Ribeiro. RJ.
Roda de samba do Bloco Carnavalesco Vem Como Pode. RJ.
Roda de samba na Portela. RJ.
Roda de Samba do Guanabarino. (Abraão Valério, Ary do Cavaco, Tião da Portela, entre outros). Clube Guanabarino, RJ.
Lançamento do CD "Revivendo os bons tempos" (vários). Clube Bola Preta, RJ.

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Zeca Sereno (Entrevista)


CPB: Nome e idade?

Sereno: José Roberto Marciano dos Santos, 28/02/1954.

CPB: Desde quando você compõe?

Sereno: Comecei em 1982 na SERES Unidos do Cabuçu, passei por Lins Imperial, Caprichosos de Pilares, Santa Cruz e Unidos da Tijuca.

CPB: Além de ter concorrido na PORTELA 2018, nos fale do seu atual momento!

Sereno:  Continuar compondo na PORTELA, sambas enredo, de quadra e de meio ano também.

CPB: Como Compositor da Escola de Oswaldo Cruz, como você vê o retorno da PORTELA ao seu devido lugar?

Sereno:  Merecido.

CPB:  Quais os seus planos em relação ao futuro como compositor?

Sereno: Sempre compondo na minha Escola do coração.

CPB: Participar do Concurso de Samba Enredo na PORTELA já é uma honra, visto que se fala da Ala Ary do Cavaco.  Diga-nos um pouco sobre tal responsabilidade!

Sereno:  Responsabilidade muito grande e prazeirosa.

CPB:  Qual(is) o(s) seu(s) ídolo(s), no Samba?

Sereno:  João Nogueira, Almir Guineto, Clara Nunes, Jovelina e outros mais.

CPB: Na definição de uma obra, quanto a elaboração como você se define?  Letra e/ou melodia?

Sereno: Letra.

CPB:  Atualmente, o que você, como compositor experiente, falaria aos jovens compositores?

Sereno:  Tanta coisas, até porque tenho 2 em casa que já estão compondo comigo.

CPB:  Você tem algum sonho?

Sereno:  Vários por exemplo ganhar outro, samba na PORTELA.

CPB: Como portelense, o que você espera da PORTELA em 2018?

Sereno:  A vigésima terceira estrela!


Desde já, agradecemos a sua participação!

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Franco Cava (Entrevista)



CPB: Nome e idade?

Franco: Franco Cava (Francisco Luciano Cava) 52 anos nasci em Madureira no Rio de Janeiro, no dia 1 de março de 1965, ano do Quarto Centenário da Cidade. 

CPB: Desde quando você compõe?

Franco: Trabalho com música desde os 17 anos, apresentava e produzia um programa na Rádio Imprensa no Rio, mas acho que escrevi oficialmente a minha primeira música aos 28 anos. Era um samba e era dedicado ao bairro de Madureira.

CPB: Além de ter concorrido na PORTELA 2018, nos fale do seu atual momento!

Franco: Tenho 5 discos gravados dos quais 3 foram lançados na Europa, um deles pela gravadora Universal (Gravadora que abriga artistas como Zeca Pagodinho entre outros) e dois independentes. Gosto de experimentar todos os gêneros. Esse ano uma minha música chegou em primeiro lugar na Itália, somando mais de 5 milhões de visualizações. A música chama-se "Arca de noé" e foi gravada pelo cantor romano "Mannarino" que adaptou um samba enredo que eu perdi na disputa. Estou indo pra Itália colher os frutos desse milagre musical nesses tempos tão difíceis para nos artistas.

CPB: Como Compositor da Escola de Oswaldo Cruz, como você vê o retorno da PORTELA ao seu devido lugar?

Franco: Eu sempre vi a Portela como uma Escola vitoriosa, mesmo não tendo bons resultados nos desfiles. Vitoriosa na sua contribuição artística e musical agregando grandes nomes e compositores em eventos musicais o ano inteiro. Zeca, Marisa Monte, Paulinho da Viola (só pra citar alguns nomes) vitoriosa em preservar a sua Velha Guarda. O último grande disco dos nossos baluartes, "Tudo azul", foi gravado em um dos nossos períodos mais nebulosos. Rodas como as da Tia Surica , como as da Tia Doca no passado, o resgate do Trem do Samba capitaneado pela Portela, a Feira das Yabás, o resgate da Portelinha, essas iniciativas fizeram da Portela a campeã do samba no Rio de Janeiro o ano inteiro e não apenas no carnaval, e agora junta-se a todo esse esforço os resultados também nos desfiles, tudo fruto de uma diretoria competente, uma revolução da qual eu fiz parte. Eu sempre digo que tem muitos talentos da minha geração responsáveis por essa Portela vitoriosa. "Quando eu penso no futuro, não esqueço o meu passado". 

CPB: Quais os seus planos em relação ao futuro como compositor?

Franco: Eu alimento uma grande paixão pela Portela, e as grandes paixões as vezes criam grandes expectativas. Abri mão de escrever para a Portela nos últimos anos justamente pra preservar a pureza dessa paixão pois sempre fica um gosto amargo na boca quando você é excluído de uma disputa. Mas decidi voltar e assumir todos os riscos e quero continuar de uma forma apaixonada e não profissional. Não tenho interesse em uma produção de samba enredo industrial colocando em vários outros lugares, prefiro um trabalho artesanal e daqui por diante apenas para a ala Ary do Cavaco.

CPB: Participar do Concurso de Samba Enredo na PORTELA já é uma honra, visto que se fala da Ala Ary do Cavaco. Diga-nos um pouco sobre tal responsabilidade!

Franco:  É sempre muito emocionante pra mim ouvir o nome de uma pessoa que foi muito importante pra minha história dentro da Portela, Ary do Cavaco era um grande amigo e lutou muito por todos nos compositores. Juntos realizemos um disco lindo para a ala de compositores com o hino da Portela cantado por portelenses ilustres. Entrei para a ala graças a uma pessoa muito especial, a tia Dodô , que acreditou no meu talento. No ano seguinte eu já estava na final do concurso disputando com nomes que fazem parte da historia do samba, como Noca, David Correa. Concorrer na Portela é sempre uma responsabilidade, pois, sem desmerecer as outras escolas, é a maior seleção de poetas da cidade. 

CPB: Qual(is) o(s) seu(s) ídolo(s), no Samba?

Franco: No samba enredo aprendi muito com a espontaneidade e o poder de comunicação dos sambas do David Corrêa, ninguém faz refrões como ele, e sempre me inspirei no lirismo das melodias e letras do Noca. Passagens como as da melodia da primeira do samba "Olhos da Noite" são dignas de Bach.  Fora do universo do samba enredo, Paulinho da Viola e Candeia são imbatíveis. Mestres. Mas são tantos talentos que se for falar de todos hoje não vou terminar. 

CPB: Na definição de uma obra, quanto a elaboração como você se define? Letra e/ou melodia?

Franco: Sou egoísta! Centralizador mesmo. Tenho problemas nas parcerias com muitos compositores. Gosto de fazer tudo. Mas tento sempre ser permeável, no samba enredo além de estar apaixonado pela Escola é importante estar apaixonado pelo enredo e entender as próprias limitações. Tenho sempre mais dificuldade na parte melódica e procuro parceiros que consigam complementar essa minha lacuna.

CPB: Atualmente, o que você, como compositor experiente, falaria aos jovens compositores?

Franco: É preciso escrever 100 sambas ruins para escrever a obra prima, não tenham vergonha dos sambas que não obtiveram sucesso, pois são esses que fazem a gente evoluir e aprender seguindo sempre em frente.

CPB: Você tem algum sonho?

Franco:  Já tive a honra de ver três sambas meus desfilando no sambódromo, mas nunca com a minha escola do coração. Meu sonho é ter um samba meu para o desfile da Portela.

CPB: Como portelense, o que você espera da PORTELA em 2018?

Franco:  Espero que vença um samba que traduza o enredo e que exale tolerância, igualdade, acolhimento. A humildade é sempre vencedora, e uma coisa eu aprendi em todos esses anos na Escola é que a Portela é vaidosa mas não é soberba, e que temos uma legião de portelenses apaixonados espalhados pelo mundo mas que temos também uma legião ainda maior de não portelenses que também são apaixonados pela Escola. Espero um desfile ousado, inovador, mas preservando e respeitando os fundamentos da escola. 


Desde já, agradecemos sua participação!

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Zé Kéti (Portelenses de Outrora)

 

Zé Kéti

José Flores de Jesus

 16/9/1921 Rio de Janeiro, RJ 
 14/11/1999 Rio de Janeiro, RJ

Biografia

Compositor. Cantor. 

Cantou o samba, as favelas, a malandragem e seus amores. Nasceu no bairro de Inhaúma, em 16 de setembro de 1921, embora tivesse sido registrado, em 6 de outubro. 

Em 1924, foi morar em Bangu na casa do avô, o flautista e pianista de João Dionísio Santana, que costumava promover reuniões musicais em sua casa, das quais participavam nomes famosos da música popular brasileira como Pixinguinha, Cândido (Índio) das Neves, entre outros. Filho de Josué Vale da Cruz, um marinheiro que tocava cavaquinho, cresceu ouvindo as cantorias do avô e do pai. Após a morte do avô, em 1928, mudou-se para a Rua Dona Clara. 

Mudou-se para Bento Ribeiro em 1937 e, logo depois, passou a freqüentar a Portela por intermédio do compositor Armando Santos, diretor da escola. 

Em 1940, ingressou na Polícia Militar, onde serviu por três anos. 

Em 1945, entrou para o grupo de compositores da Portela - que ainda não era estruturado como "ala" - escola que mais tarde assumiu como a sua de coração. 

Em 1950, afastou-se da escola por problemas em relação à autoria de algumas composições e foi para a União de Vaz Lobo (1954), só retornando à Portela no início da década de 1960. Em 1960, abriu uma barraca de peixes na Praça Quinze, em sociedade com Luiz Paulo Nogueira, filho do senador udenista Hamilton Nogueira. Foi responsável pela revitalização do samba, na época em que surgiu a bossa nova. Zé Quietinho ou Zé Quieto eram os seus apelidos de infância. Quieto virou Kéti porque a inicial K do nome artístico era a letra que na época era vista como de sorte, nomeava estadistas como Kennedy, Krushev e Kubitscheck. O próprio sambista divulgou a versão numa de suas falas do Show Opinião, estrelado por ele de 1964 a 1965 ao lado de Nara Leão e João do Vale.

No início dos anos 1970, separou-se da segunda mulher - com a primeira teve cinco filhos - e foi para São Paulo.

Nesta época, tinha uma firma de reforma de prédios, a Ortensur. Além disso, acumulava os cargos de funcionário público e representante de um laboratório farmacêutico.

Em 1974, criou o serviço de transportes marítimos São Gonçalo - Paquetá, através da Marketti Transportes Marítimos LTDA. Em 1987, no início de julho, teve o primeiro derrame cerebral. Fixou residência em São Paulo, no bairro da Consolação, morando com o filho José Carlos. Em 1995, voltou para o Rio e foi morar com uma das filhas. Continuou compondo, cantando e lançou um disco. Em janeiro de 1999, recebeu a placa pelos 60 anos de carreira na roda de samba da Cobal do Humaitá. Em agosto, com a morte de sua ex-mulher, entrou em profunda depressão. Morreu a 14 de novembro, aos 78 anos, de falência múltipla dos órgãos.

Dados artísticos


Em 1939, foi pela primeira vez ao Café Nice, levado pelo compositor Luiz Soberano. O Nice era na época o ponto de reunião da vida artística carioca. Lá conheceu Lúcio Batista, Geraldo Pereira e Francisco Alves. 

Entre 1940 e 1943, compôs sua primeira marcha carnavalesca: "Se o feio doesse". Em 1946, teve sua primeira composição gravada, o samba "Tio Sam no samba", parceria com Felisberto Martins, Vocalistas Tropicais na Odeon. 

Em 1947, Cyro Monteiro gravou na RCA Victor o samba "Vivo bem", parceria com Ari Monteiro. 

Em 1951, obteve seu primeiro grande sucesso com o samba "Amor passageiro", parceria com Jorge Abdala gravado por Linda Batista na RCA victor. No mesmo ano, seu samba "Amar é bom", parceria com Jorge Abdala foi gravado na Todamérica pelos Garotos da Lua. 

Em 1952, Os Vocalistas Tropicais gravaram seu samba "Tra-la, la, lá", parceria com Felisberto Martins.

Em 1954, ainda trabalhando na construção civil como mestre de obras, sob as ordens do incorporador de prédio André Spitzman Jordan, construtor do célebre Edifício Chopin ao lado do Copacabana Palace, fez sucesso com "Leviana", samba em parceria com Amado Régis gravado por Jamelão na Continental. 

Em 1955, sua carreira começou a deslanchar quando seu samba "A voz do morro", gravada por Jorge Goulart e com arranjo de Radamés Gnattali, fez enorme sucesso na trilha do filme "Rio 40 graus", de Nelson Pereira dos Santos. Neste filme, trabalhou também como segundo assistente de câmera e ator. 

Em 1956, Marlene gravou seu samba "Samba rasgado", que fazia apologia ao samba. No mesmo ano, Hélio Chaves lançou um disco na Mocambo com duas composições suas: "A voz do morro", em uma de suas primeiras regravações e "Assim é o morro". 

Em 1957, a mesma Marlene gravou outro samba, "Quero sambar", que também fazia exaltação ao samba. No mesmo ano, os sambas "Malvadeza Durão" e "Foi ela" foram incluídas no filme "Rio Zona Norte", do diretor Nelson Pereira dos Santos. 

Em 1958, seu samba canção "Flor do lodo" foi gravado por Jorge Goulart na RCA Victor. O mesmo samba foi incluído na trilha sonora do filme "O Grande Momento", de Roberto Santos. Ainda em 1958, teve gravados os sambas "Desprêzo", parceria com Moreira da Silva, pelo próprio Moreira da Silva e "Carinho diferente", com Benil Santos, por Gazolina, ambos na Odeon. 

Em 1959, o sambista paulista Germano Matias gravou o samba "Malvadeza Durão" na RGE, música que seria regravada com sucesso por Elizeth Cardoso na década de 1960 no LP "Elizeth sobe o morro". 

 Em 1960, seus sambas "Não sou feliz", parceria com Nelson Cavaquinho; "A voz do morro" e "Lamento de um sambista" foram gravados por Jorge Goulart no LP "Eu sou o samba" da RCA Victor. 

Em 1962, teve músicas incluídas na trilha sonora do filme "O Boca de Ouro", de Nelson Pereira dos Santos. No mesmo ano, junto com Cartola, Nélson Cavaquinho, Joacir Santana, Armando Santos e Ventura, participou de um programa na TV Rio com Sérgio Cabral. Foi como um ensaio para o que seria o conjunto "A Voz do Morro". A formação definitiva do conjunto aconteceu em 1963, com Paulinho da Viola, Élton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Anescarzinho do Salgueiro, Nelson Sargento, Oscar Bigode e José da Cruz. No ano seguinte, o conjunto gravou o LP "Roda de Samba". Nessa época, participou das atividades musicais do Zicartola, restaurante de Cartola e Dona Zica, do qual foi diretor musical. O Zicartola atraía sambistas, artistas, intelectuais e a burguesia da Zona Sul carioca. Ali conheceu Carlos Lyra (na época diretor da UNE), com quem compôs "Samba da legalidade", apresentando estes a Nélson Cavaquinho, Élton Medeiros e outros bambas. Com este grupo participou também da luta pelos direitos autorais. Nara Leão, que o conheceu neste bar, gravou "Diz que fui por aí", em seu primeiro disco solo. Acabou se tornando uma ponte entre os sambistas e a intelectualidade. 

 Em 1964, Ao lado de Nara Leão e João do Vale apresentou-se no Show Opinião, um dos primeiros gritos artísticos de protesto contra o regime militar. Neste show, lançou os sucessos "O Favelado", "Nega Dina" e "Opinião". Este samba inspirou os nomes de um jornal, de um teatro, do grupo que encenou a peça e do segundo elepê de Nara, lançado no final de 1964. No ano seguinte, lançou "Acender as velas", considerada uma de suas melhores composições. Esta música inclui-se entre as músicas de protesto da fase posterior a 1964; desmistificando a beleza do morro, a letra possui um impacto muito forte, criado pelo relato dramático do dia-a-dia da favela. Além de Nara Leão, Elis Regina também obteve enorme sucesso com a gravação desta música. Também em 1964, gravou pelo selo Rozemblit um compacto simples que tinha a música "Nega Dina". Nessa mesma época, recebeu o troféu Euterpe como o melhor compositor carioca e, juntamente com Nelson cavaquinho, o troféu O Guarany, como melhor compositor brasileiro. Em 1965, teve músicas incluídas na trilha sonora do filme "A Falecida", de Leon Hirszman. No mesmo ano, foi lançado pela Musidisc o segundo LP do grupo "A voz do moro". 

Em 1966, fez parte da trilha sonora do filme "A Grande Cidade", de Carlos Diégues. No mesmo ano, foi lançado "Os sambistas", pela RGE terceiro e último do grupo "A voz do morro". 

 Em 1967, a marcha "Máscara negra", gravada por ele mesmo e também por Dalva de Oliveira, foi a música vencedora do carnaval, tirando o 1º lugar no 1º Concurso de Músicas para o Carnaval, criado naquele ano pelo Conselho Superior de MPB do Museu da Imagem e do Som e fazendo grande sucesso nacional. Embora fosse vítima de processo judicial, promovido por Pereira Mattos em relação à autoria do samba, a música veio a ganhar o Carnaval, sendo a mais executada. Numa época em que a música carnavalesca tradicional saía de moda, o sucesso de "Máscara negra" pode ser considerado uma façanha. Tal sucesso gerou uma polêmica em torno da co-autoria da música, que seria de Deusdedith Pereira Matos e não de seu irmão Hildebrando. Em dezembro deste ano, venceu o 2º Concurso de Músicas de Carnaval, no Maracanãzinho, quando um grande juri de especialistas, presidido também por R. C. Albin, então diretor do MIS, escolheu sua música "Amor de Carnaval", que, contudo, não obteve a mesma repercussão da música anterior. Em 12 de fevereiro de 1968, foi eleito Cidadão Samba. Em maio do mesmo ano, "Foi ela" classificou-se na 1ª Bienal do Samba; mas, sob a alegação de não ser inédita, acabou desclassificada. Neste ano, o cantor Paulo Marquez gravou um disco que se chamou "Diz que fui por aí", em sua homenagem. 

Em 1969, venceu o Carnaval como intérprete da marcha-rancho "Avenida iluminada". No início da década de 1970, fazia parte da Ala dos Compositores da Portela ao lado de Monarco, Candeia, Paulinho da Viola, João Nogueira, Wilson Moreira, entre outros. Ainda em 1970, Paulinho da Viola fez sucesso com seu samba "O meu pecado". 

Em 1971, lançou o LP Os Grandes Sucessos de Zé Kéti com o conhecido samba "Drama Universal". Abandonou a Portela em 1973, por causa da classificação de seu samba, que então perdeu a disputa para o enredo "O Mundo Melhor de Pixinguinha", de Jair Amorim e Evaldo Gouveia. No mesmo ano, lançou o LP "Zé Kéti", com destaque paras as músicas "Antigamente era assim", "Mascarada"; "Meu pecado" e "Nega Dina". 

Em 1975, participou com Bibi Ferreira da remontagem do show "Opinião" com as participações de João do Vale e Marília Medalha. 

Em 1976, mudou-se para São Paulo onde freqüentemente apresentava-se em shows, entre os quais, o espetáculo "Eu sou o samba ", na Boate Jogral. No mesmo ano, ganhou da Riotur o premio de melhor compositor carnavalesco com o samba "Amor e fantasia". 

Em 1979, lançou pela Continental o LP "Identificação", cuja capa reproduz um documento seu de identidade, com composições inéditas, com destaque para "Tamborim", com Mourão Filho; "Feijão malandrinho", com José Carlos Rego; "Eu vou para a Bahia", com Ramos e "Meus cabelos brancos", com Geraldo Gomes. 

Em 1982, lançou novo disco, desta vez pelo selo Itamaraty, no qual relançou antigos sucesso como "Acender as velas", "Peço licença", "Malvadeza Durão" e "Drama universal". Em 1990, estreou o show "Estamos Vivos - Uma Questão de Opinião", em São Paulo. 

Em 1993, escreveu e montou com a colaboração da poetisa Maria da Penha Varella o espetáculo "Opinião Pública", encenado em maio, no Centro Cultural Jabaquara. Voltou para o Rio em 1994. No ano seguinte, recebeu o troféu na Câmara dos Deputados do Rio de Janeiro. 

Em 1996, lançou o CD "75 Anos de Samba", com participação de Zeca Pagodinho, Monarco, Wilson Moreira e Cristina Buarque. Este CD foi produzido por Henrique Cazes, com quatro músicas inéditas e vários sucessos antigos. Nesse mesmo ano, subiu ao palco com Marisa Monte e a Velha Guarda da Portela e interpretou com enorme sucesso alguns clássicos do samba, como "A voz do morro" e "O mundo é um moinho", de Cartola, entre outros. Recebeu, ainda, a medalha Pedro Ernesto nas comemorações dos 30 anos do Teatro Opinião. 

Em 1997, o cantor Zé Renato lançou, com muito sucesso, o disco "Natural do Rio de Janeiro", com 14 músicas suas, gravadas com assistência de Élton Medeiros. Neste ano, completou 60 anos de carreira e foi homenageado com o show "Na Casa de Noca", na Gávea, Rio de Janeiro. Ainda em 1997, recebeu da Escola de Samba Portela um troféu em reconhecimento pelo seu trabalho e participou da gravação do disco Casa da Mãe Joana. 

Em 1998, ganhou o Prêmio Shell pelo conjunto de sua obra: mais de 200 músicas. Nesta noite foi homenageado por muitos músicos da Portela, entre eles, Paulinho da Viola, Élton Medeiros, Monarco e a própria Velha Guarda, em show dirigido por Sérgio Cabral e encenado, em noite única, no Canecão do RJ. 

 Em 2001, em comemorações aos 80 anos de seu nascimento foi homenageado com o lançamento de uma minibiografia sua assinada por Nei Lopes para a coleção "Perfis do Rio". No mesmo ano, foi homenageado durante um mês pelo Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro com quatro shows revisitando sua obra: "Zé Kéti e o cinema", com Dona Ivone Lara e Zé Renato; "Zé Kéti: Um sambista de 4 opinião e Zicartola", com Noca da Portela e Marília Medalha; "Zé Kéti e a boemia", com Elton Medeiros e Tereza Cristina e "Zé Kéti: A voz domorro", com a Velha Guarda do Império Serrano. Foi apresentada ainda a exposição "Diz que fui por aí", com fotos de sua vida e carreira. 

Em 2007, sua obra foi relembrada com o lançamento de um DVD do programa "Ensaio" apresentado por Fernando Faro na TVE. Foi também o grande homenageado pelo prêmio Tim de Música. Na ocasião foram interpretados clássicos de sua autoria. Milton Nascimento cantou "Opinião", Negra Lee e Elton Medeiros cantaram em dueto "Acender as velas" e "Leviana", e Gilberto Gil empolgou a platéia ao cantar "A voz do morro". No encerramento, Lenine e Roberta Sá cantaram a marcha "Máscara Negra". 

Em 2011, foi homenageado pela Academia Brasileira de Letras dentro do projeto "MPB na ABL" com o espetáculo "Opinião" apresentado pelo grupo Samba de Fato com a participação especial do cantor Zé Renato. Na ocasião foram interpretadas sua composições "Opinião"; "Acender as velas"; "Em tempo"; "Coisa com coisa"; "Leviana"; "Peço licença"; "Amor passageiro", com Jorge Abdala; "Diz que fui por aí"; "Meu pecado"; "Sorri", com Elton Medeiros; "Madrugada"; "Malvadeza Durão"; "Foi ela"; "Mascarada", com Elton Medeiros; "Nega Dina"; "Máscara negra" e "Voz do morro". Também em 2011, por ocasião das comemorações dos seus 90 anos de nascimento foi homenageado com o espetáculo musical "Zé Kéti - Eu sou o samba", com texto de Maria Helena Kuuhner e direção de Sergio Fonta. O espetáculo passou pela Sala Baden Powell, Academia Brasileira de Letras e Sesc-Tijuca, além de apresentações pelo interior do estado. 

Em 2013, o espetáculo "Zé Kéti - Eu sou o samba" retornou ao cartaz para apresentação única no Teatro Rival BR. Em 2014, em comemoração aos seus 93 anos de nascimento foi homenageado com um show no Cordão do Bola Preta, que contou com a presença de, entre outros, o sambista Noca da Portela, interpretando sucessos como "Nega Dina" e "Diz que fui por aí".

Obra

A dama das flores
A Felicidade vem depois
A Voz do morro
Acender as velas
Adeus à Velha
Amar é bom (c/ Jorge Abdala)
Amor de carnaval
Amor e fantasia
Amor passageiro
Antigamente era assim
As moças do meu tempo
Assim é o morro
Bálsamo da vida
Bloco do lá e cá
Bó-dó
Bola branca
Brincando com a bateria
Cabo José
Cai no samba
Caranguejo
Carinho diferente (c/ Benil Santos)
Carnaval, amor e fantasia
Choro sim
Churrasquinho
Chuva de prata
Cicatriz (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Clementina de Jesus
Coisa com coisa
Companheira (c/ Dabliu Namor)
Dama da noite
Dama de ouros
Decepção
Despedida de solteiro
Desprezo
Desquite
Diz que fui por aí (c/ Hortêncio Rocha)
Drama universal
Egoísmo
Em tempo
Esta favela que eu amo
Eu vou para a Bahia (c/ Ramos
Eu vou partir
Fantástico
Favela dos meus amores
Feijão malandrinho (c/ José Carlos Rego)
Flor do lodo
Foi ela
Força branca
Francês no samba
Garotos de rua
Gracinha
Injúria
Jaqueira da Portela
Justiça
Lamento de um sambista
Lei trabalhista
Leviana
Linhas cruzadas (c/ Carlos Santos)
Madrugada
Mágoa de sambista
Mais meia hora
Malvadeza Durão
Marcha da democracia
Marcha do Rio 40 Graus
Maria
Maria da Penha
Máscara negra (c/ Hildebrando Pereira Matos)
Mascarada (c/ Élton Medeiros)
Meus cabelos brancos (c/ Geraldo Gomes)
Mexi com ela
Motorista de praça
Mulato certo
Não sou feliz (c/ Nélson Cavaquinho)
Natalino José do Nascimento
Nega Dina
No meio da lua
Noite de amor
Nós vamos assim
Nosso carnaval
Novo amor
O Assalto
O Favelado
O Meu pecado
O samba não morreu
Onde o Rio é mais carioca
Opinião
Peço licença
Poema de botequim
Ponte aérea
Portela feliz
Praça 11, berço do samba
Prece de esperança
Psiquiatria (c/ Élton Medeiros)
Quatrocentos anos de favela
Quero sambar
Regenerado
Resignação
Romance proibido
Rugendas
Samba da coroa
Samba da legalidade (c/ Carlos Lyra)
Samba original (c/ Élton Medeiros)
Samba rasgado
Samba, samba, samba
Sambando em Paris
Se o feio doesse
Seresteiro
Sorri
Tamborim (c/ Mourão Filho)
Tarde demais (c/ Monarco)
Tempo perdido
Tio Sam no samba (c/ Felisberto Martins)
Todo ano é assim
Tra-la-la-lá
Tubinho
Turma do arrastão
Último momento
Venenos
Vigarista de terreiro
Viver
Vivo bem (c/ Ari Monteiro)
Você não está com nada (c/ David Raw)
Você não foi legal (c/ Celso Castro)
Volks verde
Vou dizer-te adeus
Zé da madrugada


Discografia

(2000) Zé Kéti
(1997) Zé Kéti
(1996) 75 Anos de Samba • Rio Arte Musical • CD
(1982) Zé Kéti • Itramaraty • LP
(1979) Identificação • Continental • LP
(1973) Zé Kéti • LP
(1971) Os Grandes Sucessos de Zé Kéti • CID • LP
(1964) A Voz do Morro • Musidisc • LP
(1964) Nega Dina • Rozemblit • Compacto simples


Shows

Opinião.
Estamos Vivos - Uma Questão de Opinião (c/ Deivy Rose). Direção de Luiz Carlos Bahia, SP.


Bibliografia Crítica


AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
LOPES, Nei: Zé Kéti. Coleção Perfis do Rio. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2000.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume 2. São Paulo: Editora: 34, 1999.

Crítica

Atento ao seu povo e ao seu tempo, o poeta Zé Kéti mostrou-se um verdadeiro cronista. Vistos principalmente de cima do morro, problemas do Rio e do Brasil foram registrados em seu canto. Não nasceu no morro, mas teve oportunidade de ali viver por um tempo, ou mesmo sempre frequentar. 

Assim, passa a compreender aquele universo marginalizado. Em “Acender as velas”, por exemplo, denuncia a miséria que matava as crianças, em vista da desassistência e dificuldades.


“É mais um coração/ Que deixa de bater/
Um anjo vai pro céu (...) O doutor chegou tarde demais/ Porque no morro/
Não tem automóvel pra subir/ Não tem telefone pra chamar/ E não tem beleza
pra se ver/ A gente morre sem querer morrer”. É claro que hoje o morro não
é bem assim. Os problemas são outros. No samba “Os Tempos Mudaram”, samba
feito há mais de 15 anos, Zé Kéti denuncia a criminalidade, que, aliás,
persiste: “Já não se pode andar nas ruas da cidade/ Meu povo está com
medo/ Do Rio de Janeiro antigo só saudade/ (...) Meu samba está de luto/
Envergonhado com a criminalidade.” Mas não fica só no Rio: “Qualquer
cidade grande/ Sofre do mesmo mal/ Na Avenida São João/ No cruzamento da
Ipiranga/ Os trombadinhas vão correndo/ Do policial/ Até chegar a
marginal” E termina: “De norte a sul do meu país/ Não há mais coração
feliz/ O rico assalta por vaidade/ Na impunidade/ E o pobre por
necessidade.” Precisa dizer mais alguma coisa? São muitas a crônicas
deixadas por esse sambista, sensível e muito ligado ao mundo que o
cercava. Esses dois sambas aqui mostrados são parcos exemplos, mas que dão
bem a grandiosidade desse poeta-cidadão.

Pecê Ribeiro

quinta-feira, 13 de julho de 2017

João Nogueira (Portelenses de Outrora)

 

JOÃO NOGUEIRA
João Batista Nogueira Júnior
 12/11/1941 Rio de Janeiro, RJ 
 5/6/2000 Rio de Janeiro, RJ



Biografia

Cantor. Compositor.  Nascido e criado na Rua Magalhães Couto, no Méier, Zona Norte do Rio de Janeiro.

Frequentador de tradicionais botequins cariocas como o antigo "Pé na Poça", situado no bairro onde cresceu.  Sempre homenageou, em seus sambas, "as coisas simples das gentes".

Filho de músico profissional, nunca deixou de estar em contato com o samba e o choro devido às presenças de Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Donga e João da Baiana, amigos de seu pai e frequentadores de sua casa.  O pai chegou a tocar com Noel Rosa, segundo o livro "Noel, uma biografia", de João Máximo.

Aprendeu a tocar violão acompanhando o próprio pai, que morreu quando ele tinha 10 anos. "Seu" João Nogueira era violonista e chegou a tocar com o Conjunto Regional, de Rogério Guimarães, e com Jacob do Bandolim. Com a sua morte, a família passou por uma fase difícil. Assim, foi obrigado a trabalhar como vitrinista e vendedor.  Trabalhou, também, como funcionário da Caixa Econômica.

Aos 15 anos, começou a fazer música junto com a irmã, a compositora Gisa Nogueira.

Em 1958, passou a freqüentar o Bloco Carnavalesco Labareda do Méier, do qual, mais tarde, veio a ser diretor. 

Foi na sua própria casa do Méier que nasceu o Clube do Samba, que funcionou durante anos a fio com noitadas animadas pelo "Pagodinho de Fundo de Quintal". O Clube mudou-se para o bairro do Flamengo, em seguida para a Associação dos Servidores Civis do Brasil - inaugurado por Clara Nunes - e para o Clube Municipal, antes de chegar à sede definitiva, na Barra da Tijuca. O local, onde funcionava um depósito de bebidas, foi totalmente reformado e decorado por João Nogueira - o fundador e presidente do Clube (1979). Além do salão, com capacidade para mais de 1000 pessoas, funcionava no Clube uma galeria de arte - Guilherme de Brito - e o jardim batizado com o nome de Clara Nunes. Neste, há uma escultura de um sabiá com a seguinte inscrição: "Voa meu sabiá/ Canta meu sabiá/ Adeus, meu sabiá/ Até um dia...", estribilho de um samba do compositor (parceria com Paulo César Pinheiro), gravado por Alcione.

Participou, como ator, do filme Quilombo, de Cacá Diegues, no qual fez o papel de Rufino.

O Bloco Carnavalesco Clube do Samba desfila todos os anos pela Avenida Rio Branco e traz entre seus integrantes: Alcione, Beth Carvalho, Dalmo Castello, Dona Ivone Lara, Gisa Nogueira, Martinho da Vila, Paulinho Tapajós e Paulo César Pinheiro.

Faleceu na madrugada do dia 6 de junho de 2000, vítima de enfarte, quando ainda se recuperava de um AVC que o deixara com algumas sequelas.

Em 2012 seu nome foi usado para rebatizar o Teatro Imperator, famosa casa de espetáculo da Zona Norte, situada no bairro do Méier, próximo ao local onde residiu o compositor, que passou a ser chamada de Centro Cultural João Nogueira. Por iniciativa de Emílio Khalil, Secretário de Cultura da Prefeitura do Rio de Janeiro na gestão de Eduardo Paes, o centro cultural é um complexo que envolve salas de cinema, salas de apresentações, palco principal e também um mini-museu sobre o compositor. Todo o complexo cultural tem capacidade para cerca de duas mil pessoas em dias de evento.

Dados Artísticos

No fim da década de 1960 já havia composto mais de 40 músicas. Iniciou a carreira no "Festival de Juiz de Fora". O primeiro disco, um compacto simples, trazia as músicas "Alô Madureira" e "Mulher valente", ambas de sua autoria.

Em 1968, por meio de Airto Silva, filho do saxofonista Moacir Silva, então diretor da gravadora Copacabana, conseguiu gravar sua composição "Espere, ó nega", acompanhado por um conjunto de samba que, depois, passaria a ser chamado de Nosso Samba. Nessa época, conheceu Paulo César Valdez, que o levou à presença de sua mãe, a cantora Elizeth Cardoso. A cantora gravou "Corrente de aço" no LP "Falou e disse", lançado pela gravadora Copacabana, em 1969. Animado com a boa recepção do público e da crítica, apresentou-se a Adelzon Alves, conhecido locutor e descobridor de talentos. Assim surgiu o convite para gravar um LP coletivo intitulado "Quem samba fica". Na contracapa, Adelzon Alves recomendava: "É mais um João que veio diferente no cantar samba e fazer verso. É mais uma reza forte nas quebradas, meu compadre". A música "Das 200 para lá", do compositor, foi gravada, no disco, por Eliana Pittman e chegou aos primeiros lugares das paradas de sucesso.

No ano de 1972, lançou, pela gravadora Odeon, o primeiro LP individual, que trazia seu nome como título. No disco, incluiu várias composições suas: "Morrendo em versos", "Beto navalha", "Meu caminho" e "Blá, blá, blá", esta com participação de sua irmã, Gisa Nogueira. Ainda neste LP, regravou "Das 200 prá lá", "Alô Madureira", ambas de sua autoria, e ainda interpretou composições de outros autores: "Heróis da resistência" (Mano Décio da Viola, Manuel Ferreira e Silas de Oliveira), "Pr'um samba" (Egberto Gismonti), "Maria sambamba" (Casquinha) e "Sétimo dia" (Garça), entre outras.

Em 1974 gravou o segundo disco, "E lá vou eu", lançado no Teatro Senac. A faixa que deu título ao disco foi composta em parceria com Paulo César Pinheiro, autores também de "Batendo à porta", grande sucesso da época. Destacaram-se, ainda, neste trabalho, as músicas "Meu canto sem paz" e "Eu sei Portela", ambas em parceria com sua irmã, Gisa Nogueira, e a regravação de "Gago apaixonado", de Noel Rosa. O disco contou com as participações de Paulo César Pinheiro na faixa "Partido rico" (c/ Paulo César Pinheiro) e Ivor Lancellotti, autor de "De rosas e coisas amigas". Seu terceiro LP, "Vem quem tem," lançado dois anos depois, trouxe novas composições que, mais tarde, virariam clássicos, como: "O Homem de um braço só" (feita em homenagem ao compositor e dirigente Natal, da Portela), "Chorando pelos dedos", dedicada a Joel Nascimento - que fez uma participação especial neste trabalho - "Amor de malandro" (de Monarco e Alcides Malandro Histórico) e "Mineira" (em parceria com Paulo César Pinheiro, dedicada à Clara Nunes). Neste samba, homenagearam a cantora (mulher de Paulo César Pinheiro) com citações de versos do também mineiro Ary Barroso: "Clara/ abre o pano do passado/ tira a preta do serrado/ põe Rei Congo no congá/anda/ canta o samba verdadeiro/ faz o que mandou o mineiro, ô mineira/(...)/que é filha de Ogum com Iansã...". A gravação, realizada no fim de 1975, ficou presente nas paradas de sucesso durante mais de 20 semanas, destacando-se como um dos grandes sucessos da música popular do ano seguinte. O LP contou, ainda, com as participações especiais de Dino Sete Cordas, Hélio Delmiro, Marçal, Paulo Moura e Wilson das Neves. "Nó na madeira", em parceria com o letrista José Eugênio Monteiro, foi um dos destaques deste LP, alcançando, também, grande sucesso. No ano seguinte, Elizeth Cardoso interpretou, de sua autoria, "Entenda a Rosa".

Em 1977, chegou às lojas "Espelho", uma produção de Paulo César Pinheiro com arranjos do maestro Geraldo Vespar, lançado no Teatro João Caetano. A faixa-título (c/ Paulo César Pinheiro) tornou-se um grande sucesso. Ainda deste disco, outras composições despontaram: "Pimenta no vatapá" (c/ Cláudio Jorge), a regravação de "Espere, óh! Nega", "Wilson, Geraldo, Noel", as duas de sua autoria, "Samba de amor" (c/ Mauro Duarte e Gisa Nogueira) e "Batucajé" (c/ Wilson Moreira). No ano seguinte, lançou "Vida Boêmia", LP muito bem recebido pela crítica e no qual se destacaram as músicas "Baile no Elite" (c/ Nei Lopes), "As forças da natureza" (c/ Paulo César Pinheiro) e "Maria Rita", de autoria de Luiz Grande. Este LP contou com a participação especial de Clara Nunes, na faixa "Bela cigana", parceria com Ivor Lancellotti. Nesse mesmo ano, sua gravadora Emi Odeon lançou no mercado "Os maiores sucessos de João Nogueira".

Em 1979, fundou o Clube do Samba, na sua própria casa, e lançou o disco de mesmo nome. Várias composições deste LP viriam a marcar sua carreira: "Súplica" e "Canto do trabalhador", ambas em parceria com Paulo César Pinheiro. Ainda neste ano, realizou uma série de shows, dentre eles "João Nogueira apresenta Ivor Lancellotti", na Sala Funarte. No repertório destacaram-se: "Súplica", "Dama da noite", "Enganadora" e "Terno branco". Também em 1979, Jom Tob Azulay dirigiu um curta-metragem que reuniu depoimentos sobre suas grandes paixões: o samba, a Portela e o Flamengo. Nesse mesmo ano, Elis Regina regravou, com grande sucesso, "Eu hein Rosa!", Alcione interpretou "Paraíba do Norte, Maranhão" e Elizeth Cardoso, no LP "O inverno do meu tempo", incluiu "Mulata faceira", todas em parceria com Paulo César Pinheiro.

Em 1980, lançou seu sétimo LP, "Boca do povo", criado pelo processo inverso. Em primeiro lugar foi escolhido o título do disco, depois vieram as composições "Poder da criação", "Trabalhadores do Brasil" e "Cavaleiros santos", as três em parceria com Paulo César Pinheiro, e ainda "Bons ventos" (c/ Ivor Lancellotti) e "Linguagem do morro", de autoria de Padeirinho e Ferreira dos Santos, entre outras.

Admirador de Wilson Batista, Geraldo Pereira e Noel Rosa, gravou, em 1981, o disco " Wilson, Geraldo, Noel - João Nogueira", o primeiro no qual não cantou composições de sua autoria, limitando-se a interpretar os autores que exerceram influência sobre seu trabalho.

Em 1982, o show "O homem dos quarenta" marcou o lançamento do nono disco de sua carreira. O roteiro musical ficou a cargo de Paulo César Pinheiro, pontilhado por um texto de Arnaud Rodrigues. Interpretou neste show o homem de 40 anos em diversas situações: no esporte, no lazer, na família, no trabalho, entre outras. Desse disco, destacou-se "Minha missão", parceria com Paulo César Pinheiro. No ano seguinte, pela gravadora RCA Victor, lançou "Bem transado". Sobre o disco, falou o autor: "Cada música tem uma história, principalmente porque eu, raramente, sento para fazer música; elas aparecem de acordo com a situação e com muita naturalidade. Gosto de todas as músicas, mas a que eu me sinto melhor cantando é 'Retrato de saudade', de Raphael Rabello e Paulo César Pinheiro, e 'Pagode do clube do samba', que canto junto com Martinho da Vila".

Em 1984 lançou "Pelas terras do Pau-Brasil", disco no qual incluiu "Vovô Sobral", "Chico Preto" e "Xingu" (todas em parceria com Paulo César Pinheiro), sendo a primeira composição, uma homenagem ao advogado Sobral Pinto. São deste disco também: "Mel da Bahia"(c/ Edil Pacheco) e "Nos teus olhos" (c/ Nonato Buzar). Nesse mesmo ano, Aldir Blanc e Maurício Tapajós gravaram "O Sandoval tá mudado" (parceria de Aldir, João e Maurício), no LP da dupla, lançado pelo selo Saci. Ainda em 1984, realizou, ao lado de Cristina Buarque, uma temporada no Teatro Carlos Gomes. Participou do disco "Partido alto nota 10", de Aniceto do Império, no qual interpretaram em dueto a faixa "Entrevista", de autoria de Aniceto do Império.

Em 1986, gravou o disco "João Nogueira", com produção de Cristóvão Bastos e do qual se destacaram "Boteco do Arlindo" (Maria do Zeca e Nei Lopes), "Eu não falo gringo" (c/ Nei Lopes) e "Sonhos de Natal", parceria com Paulo César Pinheiro e na qual os compositores prestaram homenagem a Natal, um dos fundadores da Portela.

No ano de 1987 lançou o LP "João", do qual se destacou a música "Sem companhia" de Ivor Lancellotti e Paulo César Pinheiro. No ano seguinte, participou do LP duplo "Há sempre um nome de mulher", disco produzido por Ricardo Cravo Albin, no qual interpretou "Acertei no milhar" (Wilson Batista e Geraldo Pereira) e "Mineira" (João Nogueira e Paulo César Pinheiro).

Em 1992 lançou "Além do Espelho", CD com músicas em parcerias com Paulo César Pinheiro. Dois anos depois, dividiu com o próprio o CD "Parceria", pela gravadora Velas, no qual ambos interpretaram suas parcerias ao longo de 22 anos, gravado ao vivo, em um show. 

Em 1995, lançou o CD "Chico Buarque - letra e música", acompanhado pelo pianista Marino Boffa. Neste mesmo ano, a convite do poeta e produtor Paulo César Pinheiro, participou do disco "Clara com vida", homenagem à Clara Nunes, no qual interpretou, ao lado da cantora (com remixagem posterior), a faixa "As forças da natureza", parceria com Paulo César Pinheiro.

Em 1998, participou do CD "Chico Buarque de Mangueira", no qual interpretou várias composições: "Saudosa Mangueira" (Herivelto Martins), "Linguagem do morro" (Padeirinho e Ferreira dos Santos) e "Samba do operário", de autoria de Cartola, Nelson Sargento e Alfredo Português. Nesse mesmo ano, participou do CD "Balaio do Sampaio", em homenagem a Sérgio Sampaio. Neste disco, produzido pelo letrista Sergio Natureza, interpretou "Até outro dia", de Sérgio Sampaio. Ainda nesse mesmo ano, participou do programa "Ao vivo entre amigos", comandado por Ricardo Cravo Albin e transmitido, ao vivo, para todo o Brasil, pela TVE, com uma hora de duração. No ano seguinte, em 1999, pela gravadora Velas, participou do disco "Natal de samba", do qual, também, fizeram parte Zeca Pagodinho, Dunga, Toque de Prima, Almir Guinéto, Fundo de Quintal, Arlindo Cruz & Sombrinha, Luiz Grande, Dona Ivone Lara & Délcio Carvalho, Luizinho SP, Nei Lopes, Mauro Diniz, Luiz Carlos da Vila e Emílio Santiago.

Em 2000, com Monarco, Paulinho da Viola, Eliane Faria, Cristina Buarque, Simone Moreno, Wilson Moreira, Noca da Portela e Dorina, participou do disco "Ala dos Compositores da Portela". O grupo interpretou "Hino da Velha Guarda", de autoria de Chico Santana. Sua última participação em disco foi no CD "Esquina carioca", também lançado em 2000, cantando ao lado de Beth Carvalho, Nelson Sargento, Walter Alfaiate, entre outros. Morreu uma semana antes da data prevista para gravação de um CD ao vivo, em São Paulo. No disco, gravaria antigos sucessos e algumas músicas inéditas. A produção musical seria de Cristóvão Bastos e contaria, ainda, com as participações especiais de Zeca Pagodinho e Emílio Santiago. Sobre a perda do compositor, escreveu Tárik de Souza: "Do recorte bem humorado ('Se segura, segurança', 'Moda da barriga', onde ele cita de Silvio Santos até Tim Maia e o roqueiro Carlos Imperial, 'Apitaço', a respeito do entrevero da maconha na praia de Ipanema) ao épico ('Súplica', 'O Poder da criação', 'Minha missão', 'Um ser de luz', 'Espelho', um comovido retrato do pai) e a crítica social ('Jornal cantado', 'Trabalhadores do Brasil', 'Eu não falo gringo', 'Vovô Sobral', 'Canto do trabalhador'), acentuada no precursor 'Beto Navalha' ('Não se vive direito/ com ódio no peito e armas na mão') além de uma cutucada no establishment baiano ('Ioiô') e uma vela acesa à política das 200 milhas territoriais da época da ditadura ('Das 200 pra lá'), Nogueira deixa uma obra vasta e rica. Filiado à corrente da raiz, presidente do Clube do Samba, ele defendeu e praticou seu credo musical até a última nota. O gênero perde, ao mesmo tempo, um ourives de alto refino e um militante de rua. Ou melhor, de calçada". Em novembro de 2000, Ângela Nogueira, sua esposa, assumiu a presidência do Clube do Samba. 

No carnaval do ano 2001, o bloco desfilou com o samba-enredo "Como diria João", composto, coletivamente, por toda a Ala dos Compositores, na ocasião integrada por Paulinho Tapajós, Paulo César Feital, Paulinho Soares, Luiz Carlos da Vila, Walter Alfaiate, Jorge Simas, Gisa Nogueira, Celso Lima, Athayde e Dalmo Castelo. Ainda em 2001, na casa de show Tom Brasil, foi gravado o disco "Através do espelho", do qual participaram Dona Ivone Lara, Didu Nogueira, Gisa Nogueira, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz & Sombrinha. Outros artistas que não participaram do show por problemas de agenda na época prestaram sua homenagem ao amigo em estúdio, João Bosco e Chico Buarque. Ainda em 2001, o Canecão, no Rio de Janeiro, foi palco de mais uma homenagem ao compositor, com o show "Através do espelho", no qual se apresentaram Beth Carvalho, Arlindo Cruz & Sombrinha, Dona Ivone Lara, Emílio Santiago e Zeca Pagodinho, além da família Nogueira (Gisa, Didu e Diogo, respectivamente, irmã, sobrinho e filho). Em setembro desse mesmo ano, a Rádio MEC, no programa de Kléber Saião, reproduziu, em especial, o show, anteriormente gravado na casa de show Tom Brasil, em São Paulo.

Em 2002, foi lançado o livro "Velhas histórias, memórias futuras" (Editora Uerj), de Eduardo Granja Coutinho, livro no qual o autor fez várias referências ao compositor. Ainda em 2002, foi lançado o livro "Driblando a censura - de como o cutelo vil incidiu na cultura", de Ricardo Cravo Albin, no qual consta o relato de uma composição de sua autoria proibida pela censura e liberada pelo Conselho Superior de Censura, "Pensão Dom Luís" (c/ Paulo César Pinheiro). O Conselho Superior de Censura foi integrado por personalidades da sociedade civil e sua função era de provocar a transição de um Estado de exceção para um Estado de direito, atuando incisivamente, entre os anos de 1979/1989, na liberação de músicas, livros, peças, novelas, caso especial, filmes e outras obras intelectuais proibidas pelo regime militar. Neste mesmo ano, Martinho da Vila incluiu "Minha missão" e "Poder da criação", ambas de João Nogueira e Paulo César Pinheiro, no disco "Voz e coração".

Em 2003,o rapper Marcelo D2 sampleou parte de sua composição "Do jeito que o rei mandou" (c/ Zé Katimba) e incluiu no disco "À procura da batida perfeita". Seu parceiro Edil Pacheco regravou "De amor é bom", parceria de ambos, no CD "O samba me pegou". Neste mesmo ano, no show "Nogueira canta Nogueira", no Carioca da Gema, Gisa Nogueira, Didu Nogueira (sobrinho de João) e Diogo Nogueira (filho) prestaram homenagem a João Nogueira. Foi lançado o CD duplo "Um ser de luz - saudação à Clara Nunes", no qual Teresa Cristina interpertou de sua autoria "As forças da natureza" (c/ Paulo César Pinheiro). No dia em que faria 62 anos, sua esposa Ângela organizou o show "Bem de família", no Teatro Rival Br, no qual vários artistas lhe prestaram homenagem, entre eles, Didu Nogueira, Diogo Nogueira, Dora Vergueiro, Vó Maria, Beth Carvalho, Marcelo D2 e Carlinhos Vergueiro.

Em 2004 suas composições "Do pilotis à palafita" (c/ Dalmo Castello) e "Se segura, segurança" (c/ Dalmo Castelo e Edil Pacheco), foram incluídas no CD "Passeador de palavras", de Dalmo Castello.

No ano de 2006 Fabiana Cozza interpretou "Vou deixar pra amanhã" (c/ Maurício Tapajós e Aldir Blanc), incluída no CD póstumo "Sobras repletas", de Maurício Tapajós. A música havia sido gravada anteriormente por Beth Carvalho.

Em 2009 foi lançado o DVD póstumo com seu especial no "Programa Ensaio", realizado em 1992 pela TV Cultura, de São Paulo. No DVD João Nogueira fala de sua amizade com Eliane Pittman, Elizeth Cardoso, Elis Regina e Clara Nunes e como todas foram importante para sua carreira gravando composições suas que se tornaram sucessos nacionais e até internacionais como "Pra lá das 200", gravada por Eliana Pittman que lhe rendeu citações na revista americana "Times". Acompanhado apenas do violonista Jorge Simas e do percussionista Freddy, João Nogueira interpretou sucessos de várias fases da carreira, entre os quais "Entenda a rosa" (composto para o Bloco Carnavalesco Labareda, do Méier, na década de 1950 e posteriormente gravada por Elizeth Cardoso); "Espere, oh, nega" (também composto para o bloco Labareda e gravada pelo Conjunto Nosso Samba); "Corrente de aço" (gravada por Elizeth Cardoso); "Mulher valente é minha mãe"; "O homem de um braço só" (composta em homenagem ao bicheiro Natal da Portela); "Batendo a porta" (c/ Paulo César Pinheiro); "Eu, hein, Rosa!" (c/ Paulo César Pinheiro e sucesso na voz de Elis Regina); "Nó na madeira" (c/ Zé Eugênio); "Mineira", composta em parceria com Paulo César Pinheiro em homenagem à Clara Nunes (e sucesso na voz da cantora) e a composição "Um ser de luz", em parceria com Paulo César Pinheiro, composta após o falecimento de Clara Nunes e em homenagem a esta. No DVD João Nogueira fala da sua amizade com o pai e sobre a reunião na casa do jornalista Antônio Carlos Austregésilo de Athaíde, na qual desenvolveu a ideia da criação do Clube do Samba, um dos principais locais de referência do samba carioca.

No ano de 2011, ao lado de Fred Falcão, Leny Andrade, Pery Ribeiro, Kay Lira, Boca Livre, Clarisse Grova, Os Cariocas, Zé Luiz Mazziotti, Claudya, Marcos Sacramento, César Camargo Mariano, Maurício Einhorn, As Chicas e Sanny Alves, participou do CD "Voando na canção", de Fred Falcão, no qual interpretou a faixa "Tia Ciata" (Fred Falcão e Joel Menezes), faixa gravada no ano 2000, poucos meses antes de seu falecimento. Ainda em 2011 foi lançado pelo Selo Discobertas, do pesquisador Marcelo Fróes, em convênio com o Selo ICCA (Instituto Cultural Cravo Albin), o box "100 Anos de Música popular Brasileira" integrado por quatro CDs duplos, contendo oito LPs remasterizados. Inicialmente os discos foram lançados no ano de 1975, em coleção produzida pelo crítico musical e radialista Ricardo Cravo Albin a partir de seus programas radiofônicos "MPB 100 AO VIVO", com gravações ao vivo realizadas no auditório da Rádio MEC entre os anos de 1974 e 1975. Beth Carvalho interpretou no CD volume 8 "E lá vou eu" (João Nogueira e Paulo César Pinheiro). Neste mesmo ano de 2011 seu aniversário foi celebrado no show "Caruru do João", na sede do Cordão da Bola Preta, na Lapa, centro do Rio de Janeiro, no qual amigos e parceiros, tais como Carlinhos Vergueiro, Ivor Lancellotti, Cláudio Jorge e Edil Pacheco, se apresentaram e contaram estórias sobre João Nogueira, além de admiradores do compositor se reuniram para comemorar a data, além da exibição do documentário "Carioca, suburbano, mulato e malandro", dirigido por Jom Tob Azulay. Também foram iniciados vários trabalhos com relação à memória do cantor, tais como um "Samba book", reunindo um CD com 24 artistas, entre eles Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Beth Carvalho, Jorge Aragão, Seu Jorge, Marcelo D2, Diogo Nogueira e Mart'nália. O trabalho também terá DVDs, Blu Ray (exibido pelo Canal Brasil) e 60 partituras de sua obra gravada, além de sites e aplicativos para celulares e tablets, livro do pesquisador Luiz Fernando Vianna (Editora Casa da Palavra), sobre sua trajetória artística, além da biografia "É disso que o povo gosta - a história e as histórias de João Nogueira", de autoria de José de La Peña (amigo e cofundador do Clube do Samba) e do jornalista Paulo Henrique de Noronha, com entrevistas com mais de 40 amigos do compositor, entre os quais Paulo César Pinheiro, Gisa Nogueira, Diogo Nogueira, Beth Carvalho, Monarco e Adelzon Alves.

Em 2012 foram lançados o CD, DVD e Blu Ray "Sambabook - João Nogueira", pelo selo Musickeria (patrocinado pelo Itaú Cultural e Petrobras), do qual participaram Alcione "Corrente de aço" (João Nogueira); Arlindo Cruz "Alô Madureira" (João Nogueira); Seu Jorge "Minha missão" (João Nogueira e Paulo César Pinheiro); Dudu Nobre "Amor de fato" (João Nogueira e Cláudio Jorge); Teresa Cristina "As forças da natureza" (João Nogueira e Paulo César Pinheiro); Mart’nália "Súplica" (João Nogueira e Paulo César Pinheiro); Beth Carvalho "Poder da criação" (João Nogueira e Paulo César Pinheiro); Fundo de Quintal "Chinelo novo" (João Nogueira e Niltinho Tristeza); Gisa Nogueira "Wilson Geraldo, Noel" (João Nogueira); Grupo Revelação "Mineira" (João Nogueira e Paulo César Pinheiro); Diogo Nogueira "Espelho" (João Nogueira e Paulo César Pinheiro), com participação especial de Joel Nascimento; "João e José" (João Nogueira e Martinho da Vila), com participação de Martinho da Vila; Jorge Aragão "E lá ou eu" (João Nogueira e Paulo César Pinheiro); Mariene de Castro "Um ser de luz" (João Nogueira, Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro); Monarco "Sonho de bamba", com a participação especial da Velha Guarda da Portela e Zeca Pagodinho "Do jeito que o rei mandou" (João Nogueira e Zé Catimba), com a participação especial da Velha Guarda da Portela; Marcelo D2 na faixa "Baile na Elite" (João Nogueira e Nei Lopes). A direção musical ficou a cargo de Alceu Maia (cavaco e banjo) e os músicos foram Cristóvão Bastos e Marinho Boffa (pianos), Fernando Merlino (teclados), Dirceu Leite (sopros), Cláudio Jorge e Jorge Simas (violões), Ivan Machado (baixo), Jorge Gomes, Pirulito, Marcelo Pizzott, Milton Manhãs, Paulinho da Aba e Beloba (percussão), com idealização e direção artística de Afonso Carvalho, que ao lado de Sérgio Baeta e Luiz Calainho são os donos da Produtora Musickeria, responsável pelo selo de lançamneto do trabalho. No CD, DVD e no Blu Ray todos os participantes interpretaram em bloco a faixa "Clube do samba", um dos grandes sucessos do compositor. Na ocasião do evento de inauguração do Imperator - Centro Cultural João Nogueira foi apresentado um showm com Diogo Nogueira, no qual o cantor rcebeu como conviddos especiais Alcione e a Velha-Gaurda da Portela. Neste mesmo dia foi inaugurada a exposição "Madeira de Lei", sobre a vida e obra do homenageado, com curadoria de Ricardo Cravo Albin.

Obra

"Foia" de amor (c/ Edil Pacheco)
Albatrozes
Além do espelho (c/ Paulo César Pinheiro)
Alô Madureira
Amor de fato (c/ Cláudio Jorge)
Amor de malandro
Ao meu amigo Edgard (letra de Noel Rosa)
Arquibundo (c/ Maurício Tapajós)
As forças da natureza (c/ Paulo César Pinheiro)
Bafo de boca (c/ Paulo César Pinheiro)
Bahia morena (c/ Edil Pacheco)
Baile no Elite (c/ Nei Lopes)
Banho de manjericão (c/ Paulo César Pinheiro)
Bares da cidade (c/ Paulo César Pinheiro)
Batendo à porta (c/ Paulo César Pinheiro)
Batucajé (c/ Wilson Moreira)
Bela cigana (c/ Ivor Lancellotti)
Besouro da Bahia (c/ Paulo César Pinheiro)
Beto Navalha
Blá, blá, blá
Bons ventos (c/ Ivor Lancellotti)
Braço de Boneca (c/ Paulo César Pinheiro)
Cachaça de rolha (c/ Paulo César Pinheiro)
Caminha, Caymmi (c/ Edil Pacheco e Paulo César Pinheiro)
Canto do trabalhador (c/ Paulo César Pinheiro)
Cavaleiros santos (c/ Paulo César Pinheiro)
Chico preto (c/ Paulo César Pinheiro)
Chorando pela natureza (c/ Paulo César Pinheiro)
Chorando pelos dedos (c/ Cláudio Jorge)
Clube do samba
Coisa ruim demais (c/ Ivor Lancellotti)
Convênio com cupido
Coração de malandro (c/ Paulo César Pinheiro)
Corrente de aço
Dama da noite (c/ Maurício Tapajós)
Das 200 para lá
De amor é bom (c/ Edil Pacheco)
Desengano (c/ Mauro Duarte)
Dia de azar (c/ Paulo Valdez)
Dinheiro nenhum (c/ Ivor Lancellotti)
Do jeito que o rei mandou (c/ Zé Catimba)
Do pilotis à palafita (c/ Dalmo Castello)
Dois de dezembro - dia do samba (c/ Nonato Buzar e Paulo César Feital)
Dora das 7 portas (c/ Paulo César Pinheiro)
É disso que o povo gosta (c/ Carlinhos Vergueiro)
E lá vou eu (c/ Paulo César Pinheiro)
Enganadora
Entenda a Rosa
Espelho (c/ Paulo César Pinheiro)
Espere óh! Nega
Esse meu cantar
Eu heim, Rosa! (c/ Paulo César Pinheiro)
Eu não falo gringo (c/ Nei Lopes)
Eu sei Portela (c/ Gisa Nogueira)
Iô iô (c/ Paulo César Pinheiro)
Jornal cantado (c/ Paulo César Feital)
Lá de Angola (c/ Geraldo Vespar)
Levanta Brasil (c/ Nonato Buzar)
Malandro 100 (c/ Luiz Grande)
Maria do Socorro (c/ Carlinhos Vergueiro)
Mariana da gente
Mel da Bahia (c/ Edil Pacheco)
Meu caminho
Meu canto sem paz (c/ Gisa Nogueira)
Meu louco (c/ Paulo César Feital)
Mineira (c/ Paulo César Pinheiro)
Minha missão (c/ Paulo César Pinheiro)
Moda da barriga
Morrendo verso em verso
Mulata faceira (c/ Paulo César Pinheiro)
Mulher valente é minha mãe
Negra luz (c/ Paulo César Feital)
Nicanor Belas Artes (c/ Chico Anísio)
Nó na madeira (c/ Eugênio Monteiro)
Nos teus olhos (c/ Nonato Buzar)
O homem de um braço só
O homem dos 40 (c/ Paulo César Pinheiro)
O poder da criação (c/ Paulo César Pinheiro)
O Sandoval tá mudado (c/ Maurício Tapajós e Aldir Blanc)
Outros tempos (c/ Ivor Lancellotti)
Paraiba do Norte, Maranhão (c/ Paulo César Pinheiro)
Partido rico (c/ Paulo César Pinheiro)
Pensão Dom Luís (c/ Paulo César Pinheiro)
Pimenta no vatapá (c/ Cláudio Jorge)
Poder da criação (c/ Paulo César Pinheiro)
Pra fugir nunca mais (c/ Cláudio Jorge)
Primeira mão (c/ Paulo César Pinheiro)
Quedas e curvas (c/ Ivor lancellotti)
Quem sabe é Deus
Rei Senhor, Rei Zumbi, Rei Nagô (c/ Paulo César Pinheiro)
Rio, samba, amor e Tradição (c/ Paulo César Pinheiro)
Samba da bandola (c/ Cláudio Jorge)
Samba de amor (c/ Mauro Duarte e Gisa Nogueira)
Sapato de trecê (c/ Nonato Buzar)
Saudade de solteiro (c/ Paulo César Pinheiro)
Se segura, segurança (c/ Edil Pacheco e Dalmo Castello)
Sem medo
Sonho de bamba
Sonhos de Natal (c/ Paulo César Pinheiro)
Súplica (c/ Paulo César Pinheiro)
Temores (c/ Toquinho)
Tempo à beça
Terno branco
Tô pianinho (c/ Luiz Carlos da Vila)
Trabalhadores do Brasil (c/ Paulo César Pinheiro)
Um ser de luz (c/ Paulo César Pinheiro e Mauro Duarte)
Vai coroa (c/ Nonato Buzar e Landinho Marques)
Vem quem tem, vem quem não tem
Vou deixar pra amanhã (c/ Maurício Tapajós e Aldir Blanc)
Vovô Sobral (c/ Paulo César Pinheiro)
Wilson, Geraldo, Noel
Xingu (c/ Paulo César Pinheiro)


Discografia

(2012) Samba Book - João Nogueira (vários) • Selo Musikeria • CD
(2012) Samba Book - João Nogueira (vários) • Selo Musikeria • DVD
(2012) Samba Book - João Nogueira (vários) • Selo Musikeria • Blu-ray
(2011) Voando na canção - de Fred Falcão (vários) • Selo Sala de Som • CD
(2009) João Nogueira - Especial Programa Ensaio • TV Brasil - TV Cultura SP • DVD
(2001) Um sonho através do espelho • Jam Music • CD
(2000) Ala de Compositores da Portela • (vários) • CD
(2000) Esquina carioca • (vários) • CD
(1999) Natal de samba • Velas • CD
(1998) Chico Buarque de Mangueira • BMG • CD
(1998) Balaio do Sampaio • PolyGram • CD
(1998) João de todos os sambas • CD
(1995) Chico Buarque - letra e música • Lumiar • CD
(1995) Clara Nunes com vida • EMI/Odeon • CD
(1994) Parceria • Velas • CD
(1992) Além do espelho • Som Livre • LP
(1988) João • PolyGram • LP
(1986) João Nogueira • RCA Victor • LP
(1985) De amor é bom • RCA Victor • LP
(1984) Pelas terras do Pau-Brasil • RCA Victor • LP
(1984) Partido alto nota 10 • CID • LP
(1983) Bem transado • RCA Victor • LP
(1982) O homem dos quarenta • PolyGram • LP
(1981) Wilson, Geraldo e Noel • PolyGram • LP
(1980) Na boca do povo • PolyGram • LP
(1979) Clube do Samba • PolyGram • LP
(1978) Vida boêmia • Odeon • LP
(1978) Os maiores sucessos de João Nogueira • Odeon • LP
(1977) Espelho • Odeon • LP
(1975) Vem quem tem • Odeon • LP
(1974) E lá vou eu • Odeon • LP
(1972) João Nogueira • Odeon • LP


Shows

Parceria (c/ Paulo César Pinheiro). RJ. (1994)
João Nogueira e Cristina Buarque. Seis e Meia - Teatro Carlos Gomes, RJ, (1984)
O Homem dos Quarenta. Teatro Clara Nunes, RJ, (1982)
João Nogueira apresenta Ivor Lancellotti. Sala Funarte, RJ, (1979)
Espelho. Teatro João Caetano, RJ, (1977)
E Lá Vou Eu. Teatro Senac, RJ, (1974)


Bibliografia Crítica


ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira - Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
ALBIN, Ricardo Cravo. Driblando a censura - De como o cutelo vil incidiu na cultura. Rio de Janeiro: Editora Gryphus, 2002.
ALBIN, Ricardo Cravo. MPB, a história de um século. Rio de Janeiro: Atrações Produções Ilimitadas/MEC/Funarte, 1997.
ALBIN, Ricardo Cravo. O livro de ouro da MPB. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações, 2003.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.
CABRAL, Sérgio. Elisete Cardoso - Uma vida. Rio de Janeiro: Lumiar Editora, S/D.
CAMPOS, Conceição. A letra brasileira de Paulo César Pinheiro: uma jornada musical. Rio de Janeiro: Editora Casa da Palavra, 2009.
COUTINHO, Eduardo Granja. Velhas histórias, memórias futuras. Rio de Janeiro: Editora Uerj, 2002.
MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música brasileira - erudita, folclórica e popular. 1 v. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural, 1977.
MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música Brasileira - erudita, folclórica e popular. 3. ed. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural/Publifolha, 1998.
MONTE, Carlos e VARGENS, João Baptista. (Ilustrações Lan). A Velha Guarda da Portela. Rio de Janeiro: Editora Manati, 2001.
PASCHOAL, Marcio. Pisa na fulô mas não maltrata o carcará. Vida e obra do compositor João do Vale, o poeta do povo. Rio de Janeiro: Lumiar Editora, 2000.

Crítica

João Nogueira é puríssima madeira de lei, para quem vale o velho, gasto e mentiroso adjetivo “insubstituível”. 

E por quê? Simplesmente porque ele era titular de estilo tão pessoal que dele ousaria dizer: não teve pais nem deixou filhos. Ou seja, original de verdade, na arte do canto e do ser carioca.

João Nogueira, ao contrário do Moreira da Silva, não construiu um “tipo” para identificar-lhe o talento. Até porque sua originalidade vinha das cordas vocais, que emitiam o mais grave e solene som dentre todos os sambistas cariocas. A voz encorpada do João era tão sedutora e particular que, em menos de 20 compassos, qualquer pessoa ligada em MPB é capaz de identificá-la de pronto.

João não se esgotou no canto, porque também foi um extraordinário compositor. Em 1998, apresentei-o em programa na Rádio MEC-TVE e o mais difícil de tudo foi escolher as músicas. Ele ficou mais de três horas me mostrando apenas a “última florada”, como ele chamava. Era um desfiar de tantas maravilhas, que joguei a toalha: “Eu não escolho mais nada, João, você canta as que quiser, tantas quanto o tempo der.”

Ricardo Cravo Albin