domingo, 29 de janeiro de 2017

Jair do Cavaquinho (Portelenses de Outrora)

 

Jair do Cavaquinho

Jair de Araújo Costa

 *  26/4/1922 Rio de Janeiro, RJ 
+  6/4/2006 Rio de Janeiro, RJ


Biografia

Compositor. Cantor. Instrumentista.

Nascido e criado no subúrbio de Madureira, desde criança frequentava a Escola de Samba Portela, chegando a ser o seu primeiro mascote e sócio número 1 da escola.

Aos sete anos participava dos ensaios da escola, levado pela mãe, ou pelas irmãs mais velhas, que saíam na Ala das Baianas.

Autodidata, aprendeu a tocar em um instrumento fabricado por ele mesmo, enfileirando quatro cordas de arame em um pedaço de pau. Quando a mãe pedia para comprar pão, Jair esquecia-se de voltar e ficava observando os mais velhos tocando na antiga quadra da Portela.

Jogador de futebol, chegou a ser reserva de Jair da Rosa, na época famoso jogador do Madureira Atlético Clube.

Paulinho da Viola refere-se a ele como um dos melhores cozinheiros e um exímio sapateador, de espírito dos mais irreverentes.  Trabalhou como contínuo na Secretaria de Viação e Obras, tendo como chefe o avô de Marisa Monte.

Uma de suas paixões é a  Escola Portela, da qual faz parte da Velha-Guarda, criada em 1970 por Paulinho da Viola. Durante algum tempo ficou conhecido como Jair do Tamborim, por tocar o instrumento na bateria da escola. Quando começou a compor com o cavaquinho, seu nome ficou relacionado a este instrumento.

Jacob do Bandolim o considerava "a maior paleta de cavaco no samba, melhor centrista".

Nelson Cavaquinho, além de parceiro, no sucesso "Vou partir" criado por Elizeth Cardoso no LP "Elizeth sobe o morro", era também um grande amigo, e dele disse certa vez: "O Nelson chegava e pedia pra eu fazer a 2º parte do samba, o casamento de muitas dessas letras e músicas resultou em nossos peitos aliviados, na volta por cima. No fundo todos ganhamos o orvalho e a madrugada de presente".

Em 2005 participou do documentário "Da terra", de Janaína Diniz Guerra, trabalho sobre o sapateado brasileiro que incluiu também o "miudinho" dança na qual Jair do Cavaquinho é considerado mestre desde a infância. 

Dados Artísticos

 
No início da década de 1960 era freqüentador assíduo do Zicartola -  bar de Cartola e Dona Zica, reduto do samba tipicamente carioca, que recebia artistas, pesquisadores, intelectuais e principalmente sambistas novos e antigos. 
 
Em 1962, "Barracão de zinco" foi gravada por Jamelão. Sobre esta música o próprio Jair afirmou em depoimento à Revista Música Brasileira nº 9, de janeiro de 1998, editada por Luís Pimentel: "Na primeira vez em que fui receber os direitos autorais desta música, entrei em casa com TV, geladeira, saco de feijão, saco de arroz, aí eu disse: o negócio é fazer samba". Por essa época, ao lado de Mauro Duarte, entre outros, participou do espetáculo "A hora e a vez do samba". 
 
Em 1965, suas composições "Vou partir" (c/ Nelson Cavaquinho), "Meu viver" (c/ Elton Medeiros e Kléber Santos), "Ela deixou" (c/ Nelson Sargento) e "Pecadora" (c/ Joãozinho), foram incluídas no LP "Elizete sobe o morro", de Elizete Cardoso, lançado pela gravadora Copacabana. Neste mesmo ano participou com Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Nelson Sargento e Anescarzinho do Salgueiro, do Musical "Rosa de ouro", no Teatro Jovem do Rio de Janeiro, organizado por Hermínio Bello de Carvalho e Kléber Santos que, na ocasião, relançou Araci Cortes e apresentou Clementina de Jesus. No mesmo ano, a Odeon lançou o LP "Rosa de ouro", disco no qual figurou sua música "Sonho triste", responsável pelo primeiro registro da voz de Paulinho da Viola, que cantava a 2º parte deste samba no LP. Participou do conjunto A Voz do Morro ao lado de Zé Kéti, Oscar Bigode, José Cruz, Nelson Sargento, Paulinho da Viola, Anescarzinho do Salgueiro e Elton Medeiros, gravando o LP "Roda de samba", que incluíu sua música "Pecadora", em parceria com Joãozinho - mais tarde conhecido como Joãozinho da Pecadora. No ano de 1966 a Musidisc lançou o LP "Roda de samba 2", do grupo A Voz do Morro, no qual foram incluídas outras composições de sua autoria. Foi homenageado, juntamente com Elizeth Cardoso, como os 10 melhores daquele ano, em solenidade e show no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. No ano de 1967, sua composição "E a Rosa voltou" foi gravada no LP "Rosa de ouro -  volume II". Neste mesmo ano, passou a integrar o grupo Os Cinco Crioulos, ao lado de Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Anescarzinho do Salgueiro e Nelson Sargento. Com a saída de Paulinho da Viola, o grupo ganhou um novo integrante, Mauro Duarte (O Bolacha). 
 
Entre os anos de 1967 e 1969, o grupo lançou três discos pela gravadora Odeon. No ano de 1968, ao lado de Zuzuca do Salgueiro, Wilson Moreira, Zito e Velha, formou o grupo Os Cinco Só. Neste mesmo ano, integrando o conjunto Rosa de Ouro, participou do show "Mudando de conversa" (c/ Clementina de Jesus, Cyro Monteiro e Nora Ney), para o qual foi produzido o disco homônimo. Em 1969, seu samba-enredo "Treze naus" classificou a Portela em 3º lugar do Grupo 1 no desfile daquele ano. Ainda em 1969, "Vou partir" (c/ Nelson Cavaquinho) foi incluída no LP "Elizete e Zimbo Trio balançam na Sucata", lançado pela gravadora Copacabana. No ano seguinte, Elizete Cardoso no LP "Falou e disse", lançado pela gravadora Copacabana, incluiu de sua autoria "Você foi um atraso em meu caminho", parceria com Picolino da Portela. 
 
Em 1971, integrando o grupo Os Cinco Só, lançou um LP pela gravadora CBS. Ainda na década de 1970, ao lado de Osvaldinho da Cuíca e Osmar do Cavaco, formou o Trio Canela. 
 
Em 1977 foi lançado o disco "Elizete Cardoso, Jacob do Bandolim, Zimbo Trio e Época de Ouro - Fragmentos inéditos do histórico recital realizado no teatro João Caetano em 19 de fevereiro de 1968". Neste LP foi incluída sua composição "Vou partir". Neste mesmo ano sua composição "Deus dá a farinha e o diabo rasga o saco" (c/ Velha), foi interpretada pelo parceiro no disco "Partido em 5 volume 3". Em 1988 o japonês Katsonuri Tanaka produziu o disco "Velha-Guarda da Portela: Homenagem a Paulo da Portela", do qual também participou como integrante da Velha-Guarda da Portela. Entrevistado por Maysa Machado para a Revista Música Brasileira nº 9, sobre o processo de criação, afirmou: "A música é trato de momento, vem entrando na mente, tem que bancar o bicheiro, sempre ter um papelzinho no bolso. Vem o início, dar continuidade é mais fácil. Viajando de ônibus ou avião, pela janela olhando a paisagem, vem aquela iluminação". Sobre ele, Tárik de Souza deu um depoimento ao Jornal do Brasil por  ocasião do show "Jair do Cavaquinho 80 anos", apresentado no Teatro Rival, no Rio de Janeiro: "Jair do Cavaquinho é desses sambistas muito discretos.Tem músicas importantes que fez em parceria com Nelson Cavaquinho, como "Vou partir" e "Eu e as flores", que viraram sucessos de Nelson. Nelson Cavaquinho foi muito famoso e muitas vezes seus parceiros ficavam na obscuridade. Jair do Cavaquinho foi um deles. Jacob do Bandolim, que sempre foi muito rígido, rasgava elogios à forma como ele tocava o instrumento. Puro talento. Engraxate, Jair aprendeu a tocar cavaquinho vendo os outros tocarem. Trata-se de um músico e um compositor muito importante". O show contou com a participação da cantora Teresa Cristina e do Grupo Semente, tendo a direção musical de Pedro Amorim e a participação de nomes importantes como a Velha-Guarda da Portela, Elton Medeiros e Nelson Sargento. 
 
No ano 2000, participou (integrando a Velha-Guarda da Portela) do CD "Tudo azul" produzido por Marisa Monte para o selo Phonomotor. Neste mesmo ano, Marquinhos de Oswaldo Cruz, no disco "Uma geografia popular", interpretou de sua autoria "Enquanto a cidade dorme", parceria com Nelson Cavaquinho. Ainda em 2000, participou do disco "A música brasileira deste século por seus autores e intérpretes - Paulinho da Viola e os Quatro Crioulos", CD no qual foram reunidos os integrantes do grupo Os Cinco Crioulos em show gravado em julho de 1990 no programa "Ensaio", quando na época teve como convidado Paulinho da Viola, que para sua surpresa, foram também convidados os outros integrantes (Anescarzinho do Salgueiro, Jair do Cavaquinho, Elton Medeiros e Nelson Sargento), em uma homenagem aos 25 anos do antológico show "Rosa de Ouro". O disco foi gravado ao vivo, com conversas e ainda execução de composições da época, entre elas "Quatro crioulos" (Joacir Santana e Elton Medeiros), "Água de rio" (Anescarzinho e Noel Rosa de Oliveira), "O sol nascerá" (Cartola e Elton Medeiros), "No meu barraco de zinco" (Jair do Cavaquinho e Jamelão), "Agoniza mas não morre" (Nelson Sargento), "Cântico à natureza" (Alfredo Português, Jamelão e Nelson Sargento), "Pecadora" (Jair do Cavaquinho e Joãozinho da Pecadora) e "Rosa de ouro", de Paulinho da Viola, Elton Medeiros e Hermínio Bello de Carvalho. 
 
Em 2001, ao lado de Dauro do Salgueiro, Nei Lopes, Nélson Sargento, Dona Ivone Lara, Baianinho, Niltinho Tristeza, Casquinha, Zé Luiz, Nilton Campolino, Monarco, Elton Medeiros, Luiz Grande, Jurandir da Mangueira e Aluízio Machado, participou do show "Meninos do Rio", apresentado no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro. Neste mesmo ano, foi lançado o CD homônimo pela gravadora Carioca Discos. Ainda em 2001, Beth Carvalho no disco "Nome sagrado - Beth Carvalho canta Nelson Cavaquinho", pela gravadora Jam Music, interpretou de sua autoria "Vou partir", parceria com Nelson Cavaquinho e que anteriormente havia sido interpretada por Leny Andrade no disco "Luz negra - Nelson Cavaquinho por Leny Andrade". 
 
No ano de 2002, pelo selo Phonomotor, de Marisa Monte, lançou o CD "Seu Jair do Cavaquinho", disco no qual contou com a participação especial de Argemiro da Portela. Neste CD, produzido por Pedro Amorim, interpretou de sua autoria "Doce de feira" (c/ Altayr Costa), "Eu e as rosas", "Cabelos brancos", "Acorda, negro velho", "Soltaram minha boiada" e "Adeus palhaço", entre outras. O CD foi lançado em maio de 2002 no Teatro Clara Nunes, em show em parceria com Argemiro e com as participações especiais de Teresa Cristina e Marisa Monte. 
 
Em 2003, ao lado de Argemiro Patrocínio, Teresa Cristina e Grupo Semente, apresentou-se no Centro Cultural Carioca, na Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro. No ano de 2004 apresentou-se no Bar, Restaurante e Casa de Shows Feitiço Mineiro, no projeto "Gente do Samba", acompanhado do grupo Samba Choro integrado por Evandro Barcellos (violão de sete cordas), Valerinho (cavaquinho), Chico Lopes (sax e flauta), Kunka (surdo) e Makley (pandeiro e vocais). Entre seus parceiros estão Nelson Cavaquinho, com quem compôs "Vou partir" e "Enquanto a cidade não dorme", esta gravada por Haroldo Santos. 
 
Em 2005 foi um dos convidados do programa "Dorina.Samba", apresentando-se no auditório da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Apresentou-se no bar Carioca da Gema, no Rio de Janeiro, comemorando o aniversário de 85 anos. Fez show no Teatro Rival BR, no qual recebeu diversos convidados, entre os quais Teresa Cristina, Marisa Monte e Velha-Guarda da Portela. Neste mesmo ano de 2005 fez o último show de sua carreira no Bardasterças, em Belo Horizonte.  Entre suas composições mais conhecidas estão "Tudo em vão", gravada por Nara Leão e "Fim do nosso amor", gravada por Norimar. Compôs com Zé Kéti a música "Maria". Em 2016 o cantor paulistano Rômulo Fróes lançou em homenagem ao compositor Nelson Cavaquinho, pelo Selo Sesc, o CD "Rei Vadio", no qual interpretou 14 composições, destacando-se as faixas "Eu e as flores" (c/ Nelson Cavaquinho),com participação especial de Dona Inah; "Vou partir" (c/ Nelson Cavaquinho), com participação especial da Velha da Nenê da Vila Matilde. Entre suas composições preferidas está "Ana", gravada por Zuzuca do Salgueiro.

 

Obra

  • A Rosa voltou
  • Acorda negro
  • Adeus palhaço
  • Ana
  • Antigamente
  • Barracão de zinco
  • Conversa de malandro (c/ Paulinho da Viola)
  • Defensor do samba
  • Deus dá a farinha e o diabo rasga o saco (c/ Velha)
  • Doce de feira (c/ Altayr Costa)
  • E a Rosa Voltou
  • Ela deixou (c/ Nelson Sargento)
  • Enquanto a cidade dorme (c/ Nelson Cavaquinho)
  • Espetáculo deslumbrante (c/ Mundinho e Zózimo)
  • Eu e as flores (c/ Nelson Cavaquinho)
  • Eu te quero ainda
  • Fim do nosso amor
  • Maria
  • Maria (c/ Zé Kéti)
  • Meu barracão de zinco (c/ Jamelão)
  • Meu viver (c/ Elton Medeiros e Kléber Santos)
  • Noite de esplendor
  • Olinda (c/ Alcides Malandro Histórico)
  • Pecadora (c/ Joãozinho da Pecadora)
  • Roda se samba
  • Sonho triste
  • Treze naus
  • Tudo em vão
  • Vai dizer a ela (c/ Nelson Sargento)
  • Você foi um atraso em meu caminho (c/ Picolino da Portela)
  • Você não soube ser mulher
  • Voltei
  • Vou partir (c/ Nelson Cavaquinho)

Discografia

  • (2002) Seu Jair do Cavaquinho • Selo Phonomotor/EMI • CD
  • (2001) Meninos do Rio • Carioca Discos • CD
  • (2000) A música brasileira deste século por seus autores e intérpretes - Paulinho da Viola e os Quatro Crioulos • SESC-SP • CD
  • (1971) Os Cinco Só • CBS • LP
  • (1969) Samba... no duro • (c/ Os Cinco Crioulos) • LP
  • (1968) Samba... no duro • (c/ Os Cinco Crioulos) • LP
  • (1968) Mudando de conversa • Odeon • LP
  • (1967) Os sambistas • Musidisc • LP
  • (1967) Rosa de ouro • Odeon • LP
  • (1967) Samba... no duro • Odeon • LP
  • (1966) Roda de samba 2 • Musidisc • LP
  • (1965) Rosa de ouro • Odeon • LP
  • (1965) Roda de samba • Musidisc • LP

Shows

  • Projeto Gente do Samba. Bar, Restaurante e Casa de Shows Feitiço Mineiro. Brasília, DF, (2004)
  • Programa Dorina.Samba. Auditório da Rádio Nacional, RJ.
  • Meninos do Rio. (Vários). Centro Cultural Banco do Brasil, RJ.
  • Show Rosa de Ouro (c/ vários). Teatro Jovem, RJ,
  • Jair do Cavaquinho 80 Anos. Teatro Rival, RJ,
  • Jair do Cavaquinho, Grupo Semente e Teresa Cristina. Teatro Miguel Falabella, RJ,
  • Velha-Guarda da Portela. Projeto Rio Velha-Guarda. Espaço Sérgio Porto, RJ,
  • Tudo azul (c/ Velha Guarda da Portela e Marisa Monte). Canecão, RJ,
  • Homenagem a Walter Rosa. (c/ Monarco, Argemiro da Portela, Nelson Sargento, Velha Guarda da Portela, Paulão Sete Cordas, Mauro Diniz e Paulinho da Viola). Teatro João Caetano, RJ,
  • Jair do Cavaquinho e Argemiro da Portela. (Participações especiais de Marisa Monte e Teresa Cristina). Teatro Clara Nunes, RJ,
  • Teresa Cristina, Argemiro Patrocínio Seu Jair do Cavaquinho e Grupo Semente. Centro Cultural Carioca, RJ.

Bibliografia Crítica

  • ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira - Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
  • AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.
  • ARAÚJO, Hiram. Carnaval - Seis milênios de história. Rio de Janeiro: Editora Gryphus, 2000.
  • CABRAL, Sérgio. Elisete Cardoso - Uma vida. Rio de Janeiro: Lumiar Editora, S/D.
  • COUTINHO, Eduardo Granja. Velhas histórias, memórias futuras. Rio de Janeiro: Editora Uerj, 2002.
  • MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música brasileira - erudita, folclórica e popular. 1 v. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural, 1977.
  • MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música Brasileira - erudita, folclórica e popular. 3. ed. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural/Publifolha, 1998.
  • MONTE, Carlos e VARGENS, João Baptista M. (Ilustrações Lan). A Velha Guarda da Portela. Rio de Janeiro: Manati Produções Editoriais, 2001.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Jabolô (Portelenses de Outrora)

Jabolô

Dinckel Martins
*  Rio de Janeiro, RJ 
+12/4/2012 Rio de Janeiro, RJ
 
Biografia

Compositor. Integrante da Ala de Compositores da Escola de Samba Portela. Faleceu no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, Zona Norte do Rio de Janeiro.

Dados Artísticos

No ano de 1967 a Portela desfilou com o samba-enredo "Tal dia é o batizado", de sua autoria e,m parceria com Catoni e Valtenir, com o qual a escola classificou-se em sexto lugar. Neste mesmo ano Elizete Cardoso, no disco "Viva o samba!" lançado pela gravadora Copacabana, interpretou de sua autoria "Perdi a namorada", também em parceria com Catoni e Valtenir.

Em 1972 Elizeth Cardoso regravou "Perdi a namorada".

Seu maior sucesso, regravado por vários artista, é o samba-enredo "Lendas e mistérios da amazônia", composto em parceria com Catoni e Valtenir em 1970 e com o qual a Portela classificou-se em primeiro lugar naquele ano.

Em 1977 compôs "A festa da aclamação" (c/ Catoni, Dedé da Portela e Valtemir), samba-enredo com o qual a Portela classificou-se em segundo lugar no campeonato daquele ano.

No ano de 2000 Marquinhos de Oswaldo Cruz, no disco "Uma geografia popular", interpretou "Tem zoeira", em parceria com Catoni.

Em 2004 a escola de samba Portela, em comemortação ao 20º aniversário do Sambódromo, quando foi construída a "Passarela do Samba", reeditou o samba-enredo, um dos mais conhecidos da escola. Na ocasião "Lendas e mistérios da Amazônia", foi interpretado pelo cantor Gera e a Águia de Madureira classificando a escola 7º lugar no Grupo Especial.

Entre 2009 e 2010 o compositor Jabolô participou da "Feijoada da Portela", evento organizado por Marquinhos de Oswaldo Cruz reunindo a família portelense uma vez por mês.

Ganhador de três sambas-enredos no Grêmio Recreatico e Escola de Samba Portela, uma das grandes agremiações carnavalescas do Rio de Janeiro, tem composições gravadas por vários intérpretes.

Obra

A festa da aclamação (c/ Catoni, Dedé da Portela e Valtemir)
Lendas e mistérios da amazônia (c/ Catoni e Valteni)
Perdi a namorada (c/ Catoni e Valtemir)
Tal dia é o batizado (c/ Catoni e Valtenir)
Tem zoeira (c/ Catoni)

Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira - Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Edição Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010.
ARAÚJO, Hiram. Carnaval - seis milênios de história. Rio de Janeiro. Editora Gryphus, 2000.
MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música brasileira - erudita, folclórica e popular. 1 v. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural, 1977.
MONTE, Carlos e VARGENS, João Baptista. (Ilustrações Lan). A Velha Guarda da Portela. Rio de Janeiro: Editora Manati, 2001.

domingo, 22 de janeiro de 2017

Heitor dos Prazeres (Portelenses de Outrora)

Heitor dos Prazeres

* 23/9/1898 Rio de Janeiro, RJ
+ 4/10/1966 Rio de Janeiro, RJ

Biografia

Compositor. Instrumentista. Pintor. 

Nasceu na lendária região da Cidade Nova, em plena Praça Onze, berço do samba carioca, segundo a maioria dos pesquisadores. Seu pai era marceneiro e músico militar tendo atuado nas bandas da Polícia Militar e a Guarda Nacional. Seu filho Heitorzinho dos Prazeres, repetiu também a carreira de pintor, cantor e compositor.

Estuou no Colégio Benjamin Constant, no colégio de padres da igreja de Sant'Ana e no Externato Souza Aguiar. Era considerado aluno muito levado e agitado e foi expulso de todos os três colégios. Interrompeu seus estudos no quarto ano primário. Começou a trabalhar aos sete anos de idade. Na mesma época começou a estudar cavaquinho sozinho. Foi polidor de madeira. Foi preso aos treze por vadiagem e passou dois meses na colônia correcional da ilha Grande. Em 1931, casou com Glória dos Prazeres, falecida cinco anos depois. Era sobrinho de Hilário Jovino, o Lalú de Ouro, de quem ganhou de presente um cavaquinho e com quem participava de reuniões festivas na casa da lendária Tia Ciata onde conviveu com outros pioneiros do samba como João da Bahiana, Donga, Pixinguinha, Caninha, Sinhô e outros. Tornou-se pintor famoso e reconhecido nacional e internacionalmente, embora sendo nos anos 1930, 1940 e 1950 funcionário público do Ministério da Educação e Cultura, onde foi protegido pelo poeta Carlos Drummond de Andrade.

Dados Artísticos

Tocava clarineta e instrumentos de percussão na Banda da Polícia Militar. Começou a tocar desde pequeno o cavaquinho e a compor, pois freqüentava a casa da Tia Ciata entre a Praça Onze e o Mangue, onde ficava em contato com choros e sambas. Na década de 1920 ficou conhecido como Mano Heitor por andar em companhia de bambas como Ismael Silva, Paulo da Portela, Bide e outros. Em 1927, venceu concurso de samba na casa de José Espinguela com "A tristeza me persegue", gravado em 1970 no LP "Portela, passado de glória" e nesse mesmo ano começou sua disputa com Sinhô, que se dizia autor exclusivo dos sambas "Ora vejam só" e "Cassino Maxixe" com a famosa frase: "Samba é como passarinho: é de quem pegar..." Sinhô compôs o samba "Segura o boi" para provoca-lo, ao que ele respondeu com o samba "Olha ele, cuidado". Em 1928, voltaram a brigar com o sucesso da gravação de "Gosto que me enrosco" (título definitivo de "Cassino Maxixe"), por Mário Reis. Voltou a reclamar com o samba "Rei dos meus sambas", que Sinhô tentou impedir a gravação. Mais tarde conseguiu a quantia de trinta e oito mil-réis de indenização por sua parte no samba "Gosto que me enrosco" e também o reconhecimento do público nesta parceria. Teve participação fundamental na criação das escolas-de-samba do Rio de Janeiro. Em 1928, juntamente com Nilton Bastos, Alcebíades Barcelos e Rubens Barcelos fundou União do Estácio. No mesmpo ano, participou da fundação das escolas-de-samba Portela e estação Primeira de Mangueira. Em 1929, Alfredo Albuquerque gravou sua marcha "Margarida" e o samba "Olha ele, cuidado" e Mário Reis os sambas "Vai mesmo" e "Deixaste meu lar", este, com arranjos de Francisco Alves, que gravou o samba "És feliz". Ainda nesse ano, o samba "Rei dos meus sambas", que fez parte da polêmica com Sinhô, foi gravado na Parlophon por Inácio G. Loiola, que assinou como parceiro. Em 1930, teve três sambas diferentes gravados por três dos maiores cantores brasileiros: Mário Reis gravou "És falsa", Francisco Alves "Tu já foste boa" e Sílvio Caldas "Amar! Meu bem". Nesse mesmo ano, o samba "Deixaste o meu lar" foi gravado pela Simão Nacional Orquestra na Parlophon como sendo apenas de Francisco Alves, com a omissão de seu nome. Teve ainda, gravado por Januário de Oliveira o samba "Que será de mim" e por Benedito Lacerda e seu grupo Gente do Morro os sambas "Meus pecados" e "Primeira linha". Também nesse mesmo, criou o Grupo Prazeres que gravou três composições suas com vocal de Paulo Benjamim de Oliveira, o Paulo da Portela: a embolada "Tia Chimba" e os sambas "Vou te abandonar" e "Trapaiada". Em 1931, teve dois novos sambas gravados por Francisco Alves: "Riso fingido" e "Mulher de malandro", que obteve grande sucesso. No mesmo ano, Pinto Filho gravou a marcha "Sinhá", André Filho o samba "Estou mal", parceria dos dois e o poeta Orestes Barbosa, num raro registro fonográfico, o samba "Nega, meu bem" . No ano seguinte, teve gravados os sambas : "Não sei o que vou fazer", por Jaime Vogeler, "Vou dar um jeito", por Murilo Caldas e "Olha a rola", por Patrício Teixeira. Teve também gravada a marcha "Fon-fon", por Elisa Coelho, a embolada "Tia Chimba", por Breno Ferreira e os sambas "Eu choro" e "Eu não fiz nada", pelos Irmãos Tapajós. Em 1933, Luiz Barbosa lançou o samba "É tempo" e Sílvio Caldas o samba "Não vou fazer tua vontade". Nesse mesmo ano, Moreira da Silva gravou o samba "Eu vou comprar" e os Irmãos Tapajós a marcha "Um, dois, três..." e o samba "Amargurado". Ao começo dos anos 1930, deixou as escolas de samba e foi trabalhar em rádio. Criou coro feminino para acompanhá-lo no programa" Heitor e sua gente", apresentado em várias emissoras. Em 1934, Mário Reis gravou na Victor os sambas "Não sei que mal eu fiz" e "Vou ver se posso". Em 1935, a dupla Joel e Gaúcho gravou a marcha "Pierrô apaixonado", para a qual fez o estribilho e Noel Rosa a segunda parte, na Victor, com acompanhamento dos Diabos do Céu, tornando-a muito conhecida e um clássico do repertório carnavalesco, incluída no filme "Alô, alô, carnaval". Em 1936, foi incentivado pelos amigos pintores e desenhistas Carlos Cavalcanti e Augusto Rodrigues e começou a pintar. Por essa época, atuava no Cassino da Urca onde tocava e dançava. Em 1937, começou a pintar, com incentivo do jornalista e desenhista Carlos Cavalcanti, usando samba, malandros e mulatas como temas. No mesmo ano, Francisco Alves gravou seu samba "Mulata cor de jambo" e Odaléa Sodré a marcha "Depois do cinema falado" e o samba "Você pra mim morreu". Ainda nesse ano, Carlos Galhardo gravou na Victor o samba "Cantar pra não chorar", parceria com Paulo da Portela. Em 1939, Murilo Caldas e Lolita França gravaram o samba "Nega" e Odete Amaral "Comigo ninguém pode". Nesse mesmo ano, Nilton Paz gravou na Columbia o hino "Alegria do nosso Brasil", também conhecido como "Hino do carnaval". Nesse ano, participou nas Rádios Cosmo e Cruzeiro do Sul juntamente com mais de cem artistas do "Carnaval do povo". Ainda nesse ano, excursionou com o grupo "Heitor dos Prazeres e sua Gente" a Montevidéu no Uruguai. Em 1940, Aracy de Almeida gravou na Victor o samba "Saudosa favela". Em 1941 participou do programa "A Voz do Morro" na Rádio Cruzeiro do Sul, com Cartola e Paulo da Portela. No mesmo ano, compôs com Silvio Gallicho as canções humorísticas "Olhar e gostar" e "Vida de casado", gravadas na Victor pelo cantor e compositor caipira Genésio Arruda que gravou também sua marcha "Alavantu". Ainda nesse ano Odete Amaral gravou a marcha "Africana", parceria com J. Cascata. Em 1942, com Cartola e Paulo da Portela fez várias apresentações em São Paulo, sob o nome de Grupo Carioca. No mesmo ano, o Trio de Ouro gravou na Odeon seu samba-chula "Quebra morena" e o samba "Lá em Mangueira", este, parceria com Herivelto Martins. Lançado em janeiro de 1943, "Lá em Mangueira" tornou-se outro destaque de sua obra. Também em 1943, fez com Herivelto Martins o samba "A tristeza", gravado pelo Trio de Ouro na Victor. Ainda nesse ano, passou a integrar o elenco da Rádio Nacional do Rio de Janeiro atuando como ritmista. Compôs também o samba "A coisa melhorou", homenagem a seu filho Heitor dos Prazeres Filhos nascido naquela ano, samba gravado por Carmen Costa em inínio de carreira na Victor. Em 1944, o Conjunto Tocantins gravou o samba "Afine o cavaquinho". No ano seguinte, Orlando Silva gravou na Odeon o samba-choro "Carioca boêmio". Em 1945, outro de seus sambas com Herivelto Martins foi gravado pelo Trio de Ouro: "Desperta Dodô!". Fez no mesmo período com Nelson Gonçalves o samba "Até que enfim, favela", gravado pelo próprio Nelson Gonçalves na Victor. Em 1950, seu choro "Cadenciado" foi gravado na Todamérica por Francisco Sergi e sua orquestra. Em 1951, seu quadro Moenda participou da I Bienal de Arte em São Paulo.Voltou a expor nessa mostra em 1953. Em 1952, sua marcha "Carnaval na Bienal" foi gravada na Sinter por Mary Gonçalves. Em 1954, gravou na Columbia com o grupo Heitor dos Prazeres e Sua Gente os pontos-de-macumba "Cosme e Damião" e "Iemanjá", ambos de sua autoria. Nesse ano, criou a cenografia e os figurinos para o Balé do Quarto Centenário da cidade de São Paulo para a qual compôs a marcha "São Paulo parabéns" gravada na Todamérica pelo grupo Vagalumes do Luar. Também no mesmo ano, apresentou com o grupo Heitor dos Prazeres e Sua Gente o show "A História do samba", no Hotel Quitandinha, na cidade de Petrópolis. Em 1955, voltou gravou com o grupo "Heitor dos Prazeres e sua Gente" mais dois pontos-de-macumba "Pai Benedito", parceria com Kaumer Teixeira e "Santa Bárbara", de sua autoria. No mesmo ano, gravou na Sinter com o mesmo grupo a macumba "Vamos brincar no terreiro" e o ponto-cateretê "Nego véio", de sua autoria. Em 1957, gravou com seu grupo na Todamérica o samba "Nada de rock rock" e o baião "Eta, seu mano!", de sua autoria. Nesse ano, participou da exposição "Arte Moderna no Brasil". Ainda nesse ano, lançou pela Sinter o LP "Heitor dos Prazeres e sua gente", que trazia entre outros o samba "Vem pro samba mulata", de sua autoria. Em 1960, dirigiu um grupo de pastoras, que interpretaram músicas nordestinas durante evento na Escolinha de Arte do Brasil no qual a Associação dos Artistas Plásticos homenageou o Mestre Vitalino. Em 1961, voltou a participar da Bienal de Arte em São Paulo. Em 1965, participou da exposição "Oito Pintores Ingênuos Brasileiros", em Paris, França, e em 1966 "Pintores Primitivos Brasileiros", em Moscou, Rússia e outras cidades européias. Pouco antes de morrer, gravou histórico depoimento para o MIS, em junho de 1966, a convite de seu primeiro diretor, Ricardo Cravo Albin, que recebeu registro nas primeiras páginas dos jornais. Em 1966, quando faleceu, tinha sido selecionado para representar o Brasil, como pintor, no "Festival de Arte Negra de Dacar", Senegal. No mesmo ano, foi filmado pelo cineasta Antonio Carlos Fontoura, num curta metragem a cores, rodado em sua casa nas imediações da antiga Praça XI, filme que foi aclamado em vários festivais logo depois de sua morte. Em 1972, seu samba "Vou te abandonar", na voz de Jorge Veiga, foi gravado especialmente para o fascículo "Donga e os primitivos" na série Nova História da Música Popular Brasileira, da Abril Cultural. Em 1998, por ocasião dos cem anos de seu nascimento, foi homenageado com uma exposição no Museu Nacional de Belas Artes com telas, desenhos, ilustrações, discos, partituras, figurinos e fotos. Ainda nesse ano, a Editora Globo, dentro da séria "História do samba", em seu volume 20, relançou seus sambas "Alegria o nosso Brasil", "Vem pro samba mulata" e "Vou ver se posso", em gravações originais. No ano seguinte, recebeu nova homenagem pelo seu centenário com a exposição "Heitor dos Prazeres - Um século de arte", durante dois meses no Espaço BNDS, no Rio de Janeiro. Em 2002, foi homenageado pelo Ministério da Cultura com um marco comemorativo de sua trajetória como funcionário público sempre prestando serviços no prédio modernista projetado por Oscar Niemeyer, segundo desenho de Le Corbusier. Em 2004, foi lançada sua biografia no livro "Heitor dos Prazeres - Sua arte e seu tempo", de Alba Lirio e Heitor dos Prazeres Filho. No mesmo ano, seus sambas "Não sei que mal eu fiz" e "Vou ver se posso" foram incluídos na caixa de três CDs "Um cantor moderno" lançada pela BMG com a obra do cantor Mário Reis. Em 2009, foi homenageado pelo Gremio Recreativo Escola de Samba Alegria da Zona Sul do bairro de Copacabana que desfilou no grupo de acesso B na Marguês de Sapucaí com o enredo "Heitor dos Prazeres! Carioca da gema um artista de corpo e alma". Em 2010, foi lançado por seu filho o DVD "Raízes e frutos" com um documentário realizado a partir do programa Ensaio da TV Cultura. Foi produzido também o CD "Heitor dos Prazeres por seus intérpretes" que incluiu as gravações de "Vadiagem", "Vai mesmo", "Deixaste meu lar" e "És falsa", na voz de Mário Reis; "Que será de mim" e "Tristeza", cantados por Januário de Oliveira; "Olha ele cuidado", na voz de Alfredo Albuquerque; "Abandono" na de Benício Barbosa; "Amar meu bem" na de Sílvio Caldas; "Rosa, não chores" na de Sebastião Rufino;"Dor de uma saudade"; "Riso fingido" e "Mulher de malandro" na voz de Francisco Alves; Meus pecados" e "Primeira linha" na gravação de Benedito Lacerda; "Tu hás de sentir" lançada por Castro Barbosa; "Vou te abandonar", na gravação de Paulo de Oliveira; "Eu não fiz nada", na dos Irmãos Tapajós, e "Ai que dor" com o Trio TBT e o grupo da velha guarda. 

Obra

A cachopa e a mulata
A coisa melhorou
A hora é essa
A tristeza (c/ Herivelto Martins)
A tristeza me persegue
Abandono
Afina o cavaquinho
Afina o tamborim
Africana (c/ J. Cascata)
Ai que dor
Alegria do nosso Brasil (hino do carnaval)
Amar, meu bem
Amargurado
Amor é um segredo
Até que em fim, favela (c/ Nelson Gonçalves)
Bailado de festa
Cachoeiro de Itapemirim
Cadenciado
Canção do jornaleiro
Cansado
Cantar pra não chorar (c/ Paulo da Portela)
Carioca boêmio
Carnaval na bienal
Carnaval na primavera
Chegou
Cheguei moçada
Chora
Chora, cuíca!
Coisa gozada
Com saudade de você
Comigo ninguém pode
Consideração
Cosme e Damião
Criança louca
Crioulinho frajola
Deixa a cuíca chorar
Deixa amanhecer
Deixa eu chorar
Deixa o palhaço na roda
Deixaste meu lar
Depois do cinema falado
Depois que eu te abandonei
Desperte, Dodô (c/ Herivelto Martins)
Drama
É o povo que manda
É pra mim
É tempo
Ela foi embora
Entreguei a Deus
És falsa
És feliz
Estou mal (c/ André Filho)
Eta, seu mano
Eu arranjei
Eu choro
Eu gostava de alguém
Eu gostava de você
Eu gosto de carnaval
Eu heim
Eu não fiz nada
Eu não gosto
Eu não quero adeus
Eu não sei se é castigo (c/ Bel Luís)
Eu quero uma mulher
Eu quero ver
Eu sei viver
Eu sei...
Eu sinto saudades
Eu tenho um mulato
Eu tenho um nego
Eu tenho uma mulher
Eu vivo chorando
Eu vou comprar
Favela
Faz uma vontade minha
Felicidade
Fon-fon
Fulana grãnfina
Gosto que me enrosco (c/ Sinhô)
Hoje eu vivo triste
Iemanjá (c/ Kaumer Teixeira)
Implorando
Isto aqui é Brasil
Já é demais esta tristeza
Já é hora, já é hora
Lá em Mangueira (c/ Herivelto Martins)
Levanta nego
Madureira (c/ Kaumer Teixeira)
Magoado
Malandro
Maria (c/ A. Monteiro)
Mate, meu bem, me bate
Meus pecados
Miss Crioula
Mulata cor de jambo
Mulher camarada
Mulher de malandro
Na casa do seu Zé
Na sua casa tem... (c/ André Filho)
Nada de rock rock
Não adianta chorar
Não há samba
Não sei o que vou fazer
Não sei por quê
Nega
Nega, meu bem
No samba eu quero viver
Nossa Senhora de Copacabana (c/ Kaumer Teixeira)
Nossa separação (c/ Herivelto Martins)
Nrga bamba
Numa noite enluarada
Olha a rola
Olha ele, cuidado
Olhar e gostar (c/ Sílvio Galicho)
Olinda (c/ Herivelto Martins)
Pai bendito (c/ Kaumer Teixeira)
Para quem servir
Pierrô apaixonado (c/ Noel Rosa)
Primeira linha
Primeiro nós
Progresso
Quanto dói uma saudade
Que será de mim
Quebra, morena
Quem bate na minha porta (c/ Henrique Barbosa e João Barbosa)
Quem tem um amor e gosta
Rei dos meus sambas
Riso fingido
Rosa, não chores
Samba de nego (c/ Kaumer Teixeira)
Santa Bárbara
São Cosme e São Damião (c/ Kraumer Teixeira)
São Paulo, parabéns (c/ Kraumer Teixeira)
Saudosa favela
Saudoso trovador
Se eu pudesse formar
Sem reclamar (c/ D. Carvalho)
Sinhá
Só acredito em você
Só eu sei
Sou eu que dou as ordens
Tá rezando
Tia Chimba
Todos gostam de você (c/ Kaumer Teixeira)
Trapaiada
Tristeza (c/ João da Gente)
Tu hás de sentir
Tu já foste boa
Tudo acabado
Tudo azul (c/ H. Ricardo)
Um, dois, três...
Uma linda roseira
Vai mesmo
Vai, saudade
Vai, vai
Vem pro samba, mulata
Vida de casado (c/ Sílvio Galicho)
Você pra mim morreu
Você tem casa e comida
Volta ao seu lar (c/ Kaumer Teixeira)
Voltaste ao teu lar
Vou dá um grito
Vou fazer tua vontade
Vou te abandonar
Vou ver se passo

Discografia

(1957) Nada de rock rock/Eta seu Mano! • Todamérica • 78
(1957) Heitor dos Prazeres e sua gente • Sinter • LP
(1955) Vamos brincar no terreiro/Nego véio • Sinter • 78
(1955) Pai Benedito/Santa Bárbara • Columbia • 78
(1954) Cosme e Damião/Iemanjá • Columbia • 78

Bibliografia Crítica

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.
LIRIO, Alba e PRAZERES FILHO, Heitor dos. Heitor dos Prazeres - Sua arte e seu tempo. Rio de Janeiro: ND Comunicação, 2004.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.

VASCONCELLO, Ary. Panorama da Música Popular Brasileira - volume 2. Rio de Janeiro: Martins, 1965.
 

domingo, 15 de janeiro de 2017

Dedé (Portelenses de Outrora)

Dedé da Portela

Edson Fagundes

*  28/5/1939 São Paulo, SP
+ 18/2/2003 Nova Iguaçu, RJ


Biografia
Compositor.  Pertenceu à Ala dos Compositores da Portela.  Durante dez anos foi puxador de samba na Escola.

Faleceu em fevereiro de 2003, sendo seu corpo velado na quadra da Escola de Samba Leão de Nova Iguaçu, cidade onde morou os últimos anos de vida.

Dados Artísticos

Em 1975, Leci Brandão interpretou de sua autoria "Meu dia de graça" no disco "Antes que eu volte a ser nada", lançado pelo Selo Marcus Pereira. No ano seguinte, Roberto Ribeiro gravou "Quero", parceria com Dida.

No ano de 1977 compôs com Catoni, Jabolô e Waltenir "A festa da aclamação", samba-enredo que deu à Portela o vice-campeonato daquele ano. Neste mesmo ano, ao lado de Dicró, Picolé da Beija-Flor, Cartolinha, Conjunto Realidade, Carlão Elegante, Djalminha, Matias de Freitas e Rubens Confeti, participou do disco "A hora e a vez do samba", produzido por Ramalho Neto. No LP interpretou de sua autoria "Palavra de mãe", parceria com Sérgio Fonseca.

No ano de 1978, ao lado de Aniceto do Império, Baiano do Cabral, Nelson Cebola, Arielson da Bahia, Luiz Grande e Preto Rico, participou do LP "Os bambas do partido alto", no qual interpretou de sua autoria "Madureira, berço do samba".

Em 1979, Beth Carvalho interpretou "Senhora rezadeira" (c/ Dida), no LP "No pagode". Neste mesmo ano, Alcione, no LP "Gostoso veneno", interpretou "Amantes da noite" (c/ Dida).

No ano de 1980, no disco "Fala meu povo", Roberto Ribeiro interpretou "Resto de esperança" (c/ Jorge Aragão) e Délcio Carvalho, no LP "Canto de um povo", gravou "Hora de ser criança", parceria com Dida. Ainda em 1980, Alcione gravou "Meu dia de graça". No ano seguinte, a mesma cantora registrou "A volta da gafieira"(c/ Dida) em seu novo disco.

Em 1983, "Dor de amor" (c/ Délcio Carvalho) foi incluída no LP de Roberto Ribeiro lançado pela gravadora Emi-Odeon. No ano seguinte, compôs com Norival Reis "Contos de areia", samba-enredo com o qual a Portela desfilou naquele ano classificando-se em 1º lugar do Grupo 1. Neste mesmo ano, Alcione no LP "Fogo da vida", outra composição de sua autoria, desta vez, em parceira com Luís Carlos, "Deixa que o dia amanheça", além de fazer uma regravação de "Meu dia de graça". Ainda em 1984, o Grupo Fundo de Quintal, no LP "Seja sambista também", interpretou "Canto maior" (c/ Arlindo Cruz e Sombrinha).

Em 1985, gravou o samba-enredo "Recordar é viver", de Noca da Portela, Edir Gomes, Poliba e Jorge Careca, para o disco "Carnaval de 1985", lançado pela gravadora CID.

No ano de 1986, no LP "Bom ambiente", Dominguinhos do Estácio interpretou "Rala coco, sinhá" (c/ Dida). No ano seguinte, em 1987, o Grupo Exporta Samba gravou de sua autoria "Chuva boa", em parceria com Dida.

Em 1998 "Senhora rezadeira" (c/ Dida) foi regravada por Beth Carvalho CD "Pérolas do pagode".

No ano 2000 Norival Reis participou da gravação do disco "Ala de Compositores da Portela", no qual o parceiro declamou versos do samba-enredo "Contos de areia", parceria de ambos.

Em 2003, Walter Alfaiate lançou o CD "Samba na medida" (gravadora CPC-Umes), disco no qual incluiu de sua autoria "Conto de areia", samba-enredo em parceria Norival Reis, defendido pela Portela em 1984. Neste mesmo ano de 2003, Alcione, no disco "Alcione ao vivo 2", regravou de sua autoria "A volta da gafieira" (c/ Dida). Neste mesmo ano, a Escola de Samba Tradição, ao lado da Portela, Império Serrano e Viradouro, foi uma das Escolas de Samba que optaram em comemorar o 20º aniversário do Sambódromo, quando foi construída a "Passarela do Samba", levando para a avenida sambas-enredo anteriores a 1984. A Tradição resolveu homenagear a Portela (de quem se separou em 1984) e escolheu o samba-enredo "Contos de areia". Para a gravação do samba a escola convidou Alcione. O samba, de sua autoria, foi cantado na avenida no carnaval de 2004.

Entre seus intérpretes estão também Sonia Lemos, que gravou "Meus outros anos", "Primeiro botequim" e "Canto nenhum"; Nadinho da Ilha, interpretando "Praias de pedra e pranto" e "Adeus suspenso", todas em parceria com Sérgio Fonseca.

O próprio compositor gravou várias músicas como "Tocaia", "Palavra de mãe" e "Palavra de preto velho", as três em parceria com o Sérgio Fonseca.

Entre seus vários intérpretes constam Miltinho, Zaira e Grupo Pirraça, que gravou "Palavras de Preto Velho"; Aroldo Santos em "Grito negro"; Luiza Maura cantando "Nó de marinheiro" (c/ Sérgio Fonseca).

De sua parceria com o letrista Sérgio Fonseca foram gravadas ainda "Remandiola", por Dora Lopes; "Oxumaré", com o Conjunto Os Batuqueiros; "A distância", com Sonia Santos; "Contrato de risco", interpretada por Fabíola e um dos sucessos de Helena de Lima, a composição "Carinho morno".

Obras

A distância (c/ Sérgio Fonseca)
A festa da aclamação (c/ Catoni, Jabolô e Waltenir)
A volta da gafieira (c/ Dida)
ABC dos orixás (c/ Norival Reis)
Adeus suspenso (c/ Sérgio Fonseca)
Amantes da noite (c/ Dida)
Canto maior (c/ Sombrinha e Arlindo Cruz)
Canto nenhum (c/ Sérgio Fonseca)
Carinho morno (c/ Sérgio Fonseca)
Chuva boa (c/ Dida)
Contos de areia (c/ Norival Reis)
Contrato de risco (c/ Sérgio Fonseca)
Deixa que o dia amanheça (c/ Luís Carlos)
Dor de amor (c/ Délcio Carvalho)
Grito negro (c/ Sérgio Fonseca)
Hora de ser criança (c/ Dida)
Lágrimas do coração (c/ Neguinho da Beija-Flor)
Madureira, berço do samba
Meu dia de graça
Meu pandeiro e eu (c/ Sérgio Fonseca)
Meus outros anos (c/ Sérgio Fonseca)
Nó de marinheiro (c/ Sérgio Fonseca)
Oxumaré (c/ Sérgio Fonseca)
Palavra de mãe (c/ Sérgio Fonseca)
Palavras de Preto Velho (c/ Sérgio Fonseca)
Praias de pedra e pranto (c/ Sérgio Fonseca)
Primeiro botequim (c/ Sérgio Fonseca)
Quero (c/ Dida)
Rala coco, sinhá (c/ Dida)
Remandiola (c/ Sérgio Fonseca)
Resto de esperança (c/ Jorge Aragão)
Senhora rezadeira (c/ Dida)
Tocaia (c/ Sérgio Fonseca)
Vou sofrer (c/ Dida)

Discografia
(1984) Carnaval de 1985 • CID • LP
(1978) Os bambas do partido alto • Soma/Sigla • LP
(1977) A hora e a vez do samba • Discos Continental • LP

Bibliografia Crítica
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira - Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.
ARAÚJO, Hiram. Carnaval - seis milênios de história. Rio de Janeiro. Editora Gryphus, 2000.
MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música brasileira - erudita, folclórica e popular. 1 v. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural, 1977.
MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música Brasileira - erudita, folclórica e popular. 3. ed. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural/Publifolha, 1998.
MONTE, Carlos e VARGENS, João Baptista. (Ilustrações Lan). A Velha Guarda da Portela. Rio de Janeiro: Editora Manati, 2001.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Colombo (Portelenses de Outrora)

  

Colombo

Colombo Costa Pinto
*  12/10/1926 Bahia 
+  17/11/2004 Rio de Janeiro, RJ


Biografia

Compositor. Jornalista.  Nasceu na Bahia mas transferiu-se para o Rio de Janeiro indo residir no subúrbio de Oswaldo Cruz.  Conheceu Noca da Portela em São Cristóvão levando-o para a Ala dos Compositores da Portela, com o qual compôs quatro sambas-enredos vencedores para a escola. Aos 52 anos prestou vestibular para Comunicação Social formando-se em Jornalismo.  Na casa do amigo Noca conheceu a futura esposa Dalma, com quem foi casado e tinha quatro filhos e dois netos.  

Dados Artísticos  

Em 1966, fundou o Trio ABC da Portela, juntamente com Noca e Picolino. O trio não chegou a gravar nenhum disco, contudo, seus componentes foram contemplados com vários sambas-enredos vencedores nos carnavais que sucederam.  

Em 1967, Elza Soares gravou em um compacto simples pela Odeon as músicas "Portela querida", (c/ Picolino e Noca da Portela), composição que viria a ser posteriormente o maior sucesso do trio, além de música emblemática para a Portela, e, do outro lado, "Sofri" (Bide e Marçal). 

Em 1968, o trio inscreveu duas composições no "II Concurso de Música de Carnaval", organizado por Ricardo Cravo Albin (na época, Presidente do Conselho Superior de Música Popular Brasileira do MIS), a primeira foi "Portela querida", defendida por Elza Soares, e a segunda "É bom assim", interpretada pelo cantor Gasolina. Ainda em 1968, Martinho da Vila em seu LP "Nem todo crioulo é doido", gravou "Querer é poder" de autoria de Colombo, Noca da Portela e Picolino.

Em 1976, sua composição "O Homem de Pacoval", em parceria com Noca da Portela e Edir Gomes, foi gravada por Silvinho do Pandeiro no LP "Sambas-enredos das Escolas de Samba do Grupo 1".  

No ano de 1994, o cantor Rixxah interpretou "Gosto que me enrosco" (Colombo, Gelson e Noca da Portela) no disco "Sambas-enredos de 1995 do Grupo Especial" pela RCA Victor.

Em 1998, recebeu da Rede Globo o prêmio "Estandarte de Ouro" por seu samba "Os olhos da noite", em parceria com J. Rocha, Darcy Maravilha e Noca da Portela. Neste mesmo ano, classificou este samba em 2º lugar na cotação dos melhores sambas-enredos, de acordo com pesquisa feita pelo jornal "O Dia", com os jurados Ricardo Cravo Albin, Moacyr Luz, Roberto Moura, Cláudio Vieira e Mauro Ferreira. Entre seus vários intérpretes está Eliana Pittman em "A dor que vem do Brás" (Colombo, Noca da Portela e Picolino da Portela).

Obra

A dor que vem do Brás (c/ Noca da Portela e Picolino da Portela)
Amazonas, esses desconhecidos delírios e verdades do Eldorado verde (c/ Noca da Portela, Chico da Silva, Janjão e Gilson Nogueira)
É bom assim (c/ Noca da Portela e Picolino da Portela)
Gosto que me enrosco (c/ Noca da Portela e Gelson)
O Homem de Pacoval (c/ Noca da Portela e Edir Gomes)
Os olhos da noite (c/ Noca da Portela, J. Rocha e Darcy Maravilha)
Portela querida (c/ Noca da Portela e Picolino da Portela)
Querer é poder (c/ Noca da Portela e Picolino da Portela)
Tudo é diferente (c/ Edir Gomes e Noca da Portela)

Shows

2º Festival de Música de Carnaval. MIS, RJ.
Concurso de Carnaval do Teatro Municipal de São Paulo, SP.

Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira - Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
ALBIN, Ricardo Cravo. MPB, a história de um século. Rio de Janeiro: Atrações Produções Ilimitadas/MEC/Funarte, 1997.
ALBIN, Ricardo Cravo. O livro de ouro da MPB. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 3ª ed. EAS Editora, 2014.
CABRAL, Sérgio. Elisete Cardoso - Uma vida. Rio de Janeiro: Lumiar Editora, S/D.
MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música brasileira - erudita, folclórica e popular. 1 v. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural, 1977.
MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música Brasileira - erudita, folclórica e popular. 3. ed. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural/Publifolha, 1998.
MONTE, Carlos e VARGENS, João Baptista M. (Ilustrações Lan). A Velha-Guarda da Portela. Rio de Janeiro: Editora Manati, 2001.


terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Chico Santana (Portelenses de Outrora)

 

Chico Santana

Francisco Felisberto Santana
*  22/9/1911 Rio de Janeiro, RJ
+ 26/03/1988 Rio de Janeiro, RJ 


Biografia

Compositor.  Residiu em Oswaldo Cruz, subúrbio do Rio de Janeiro considerado um celeiro de sambistas.  Foi levado por Alvaiade para a Ala de Compositores da Portela.  

Dados Artísticos

Em 1970, Paulinho da Viola produziu para a gravadora RGE o LP "Portela, passado de glória". Neste primeiro disco da Velha-Guarda da Portela participou cantando da música "Vida fidalga", em parceria com Alvaiade. No ano seguinte, Paulinho da Viola gravou "Passado de glória" (c/ Monarco).

No ano de 1976, Eliana Pittman interpretou "De Paulo da Portela a Paulinho da Viola", uma composição de sua autoria em parceria com Monarco. Neste mesmo ano, Cristina Buarque em seu disco "Prato e faca", gravou outra composição de sua autoria. No ano seguinte, Beth Carvalho despontou com um dos maiores sucessos de sua carreira "Saco de feijão", gravada em seu LP "Botequins da vida".

Em 1978, no LP "Arrebém", pela Continental Discos, Cristina Buarque interpretou "Muito embora abandonado" (c/ Mijinha). A faixa ainda contou com a participação especial da Velha-Guarda da Portela, da qual o compositor fazia parte. Neste mesmo ano no LP "De pé no chão", Beth Carvalho incluiu "Lenço", parceria com Monarco. Ainda neste ano, Vania Carvalho interpretou sua composição "Pranto".

No ano de 1986, o produtor japonês Katsounuri Tanaka lançou para o mercado japonês o disco "Doce Recordação - Velha-Guarda da Portela". O LP, lançado pelo selo Office Sambinha, trazendo a formação original da Velha Guarda da Portela que incluía Chatim, Manacéia, Alberto Lonato e Chico Santana, além do cavaquinho de Osmar do Cavaco. Neste disco interpretou "Hino da Velha Guarda da Portela", de sua autoria e "Você não é tal mulher" de autoria de Alcides Malandro Histórico, esta em conjunto com Argemiro, Casquinha e Monarco. No ano seguinte, em 1987, Reinaldo, pela gravadora Continental, interpretou, juntamente com a Velha-Guarda da Portela, "Existe um traidor entre nós", no disco "Aquela imagem".

Em 1990, foi gravado para o mercado japonês o disco "Resgate", de Cristina Buarque. Neste CD, foi incluída "Adeus, eu vou partir" (c/ Mijinha), que teve a Velha Guarda da Portela como participação especial nesta faixa. Mais tarde, em 1994, a gravadora Saci relançou o disco para o mercado brasileiro.

No ano de 1999, Tanaka produziu também para o mercado japonês o disco "Velhas companheiras". Neste CD, reunindo as velhas guardas da Portela e Mangueira, incluiu de sua autoria "Vaidade de um sambista".

No ano 2000, a cantora e compositora Marisa Monte, filha do ex-diretor da Portela Carlos Monte, produziu pelo Selo Phonomotor o CD "Tudo azul", da Velha-Guarda da Portela. Neste disco, foram regravadas "Noite em que tudo esconde", por Paulinho da Viola, e "Lenço", em parceria com Monarco, gravada por Zeca Pagodinho e Velha Guarda da Portela. Neste mesmo ano 2000, a gravadora Nikita Music relançou em CD "Doce Recordação".

Em 2001 foi lançado o livro "A Velha Guarda da Portela" (Ed. Manati) de autoria Carlos Monte e João Batista Vargens, no qual os autores fazem várias referências ao compositor, um dos fundadores da Velha Guarda da Portela.

Em 2002, pelo selo Phonomotor de Marisa Monte, Argemiro da Portela lançou o CD "Argemiro Patrocínio". Neste disco foi incluída uma parceria de Chico Santana com Argemiro Patrocínio "Dizem que o amor" que contou com a participação especial de Marisa Monte. Ainda neste ano, foram lançados dois livros nos quais o compositor foi citado freqüentemente: "Guimbaustrilho e Outros Mistérios Suburbanos" (Dantes Editora e Livraria LTDA) de autoria de Nei Lopes e ainda "Velhas Histórias, memórias futuras" (Ed. Uerj), de Eduardo Granja Coutinho.

Em 2004 Monarco e a Velha-Guarda da Portela, juntamente com Beth Carvalho, interpretaram "Saco de feijão" no DVD "Beth Carvalho - a madrinha do samba".  

Obra

Adeus, eu vou partir (c/ Mijinha)
De Paulo da Portela a Paulinho da Viola (c/ Monarco)
Dizem que o amor (c/ Argemiro Patrocínio)
Existe um traidor entre nós
Hino da Velha Guarda da Portela
Lenço (c/ Monarco)
Minha querida (c/ Manacéia)
Muito embora abandonado (c/ Mijinha)
Noite em que tudo esconde (c/ Alvaiade)
Passado de glória (c/ Monarco)
Pranto
Saco de feijão
Vaidade de um sambista
Vida fidalga (c/ Alvaiade)  

Discografia

(2000) Doce recordação • Nikita Music • CD
(1986) Doce recordação • Selo Office Sambinha. (Japão) • LP
(1970) Portela, passado de glória • RGE • LP

Bibliografia Crítica 

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira - Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 3ª ed. EAS Editora, 2014.
COUTINHO, Eduardo Granja. Velhas histórias, memórias futuras. Rio de Janeiro: Editora Uerj, 2002.
LOPES, Nei. Guimbaustrilho e outros mistérios Suburbanos. Rio de Janeiro: Dantes Editora e Livraria LTDA, 2002.
MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música brasileira - erudita, folclórica e popular. 2 v. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural, 1977.
MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música Brasileira - erudita, folclórica e popular. 3. ed. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural/Publifolha, 1998.
MONTE, Carlos e VARGENS, João Baptista M. (Ilustrações Lan). A Velha Guarda da Portela. Rio de Janeiro: Editora Manati, 2001.
SANTOS, Lygia e SILVA, Marília T. Barbosa da. Paulo da Portela - Traço-de-união entre duas culturas. Rio de Janeiro: Ed. MEC/Funarte, 1989.
SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo vol. 2. São Paulo: Editora 34, 1998.