Zé Kéti
José Flores de Jesus
16/9/1921 Rio de Janeiro, RJ
14/11/1999 Rio de Janeiro, RJ
Biografia
Compositor. Cantor.
Cantou o samba, as favelas, a malandragem e seus amores. Nasceu no bairro de Inhaúma, em 16 de setembro de 1921, embora tivesse sido registrado, em 6 de outubro.
Em 1924, foi morar em Bangu na casa do avô, o flautista e pianista de João Dionísio Santana, que costumava promover reuniões musicais em sua casa, das quais participavam nomes famosos da música popular brasileira como Pixinguinha, Cândido (Índio) das Neves, entre outros. Filho de Josué Vale da Cruz, um marinheiro que tocava cavaquinho, cresceu ouvindo as cantorias do avô e do pai. Após a morte do avô, em 1928, mudou-se para a Rua Dona Clara.
Mudou-se para Bento Ribeiro em 1937 e, logo depois, passou a freqüentar a Portela por intermédio do compositor Armando Santos, diretor da escola.
Em 1940, ingressou na Polícia Militar, onde serviu por três anos.
Em 1945, entrou para o grupo de compositores da Portela - que ainda não era estruturado como "ala" - escola que mais tarde assumiu como a sua de coração.
Em 1950, afastou-se da escola por problemas em relação à autoria de algumas composições e foi para a União de Vaz Lobo (1954), só retornando à Portela no início da década de 1960. Em 1960, abriu uma barraca de peixes na Praça Quinze, em sociedade com Luiz Paulo Nogueira, filho do senador udenista Hamilton Nogueira. Foi responsável pela revitalização do samba, na época em que surgiu a bossa nova. Zé Quietinho ou Zé Quieto eram os seus apelidos de infância. Quieto virou Kéti porque a inicial K do nome artístico era a letra que na época era vista como de sorte, nomeava estadistas como Kennedy, Krushev e Kubitscheck. O próprio sambista divulgou a versão numa de suas falas do Show Opinião, estrelado por ele de 1964 a 1965 ao lado de Nara Leão e João do Vale.
No início dos anos 1970, separou-se da segunda mulher - com a primeira teve cinco filhos - e foi para São Paulo.
Nesta época, tinha uma firma de reforma de prédios, a Ortensur. Além disso, acumulava os cargos de funcionário público e representante de um laboratório farmacêutico.
Em 1974, criou o serviço de transportes marítimos São Gonçalo - Paquetá, através da Marketti Transportes Marítimos LTDA. Em 1987, no início de julho, teve o primeiro derrame cerebral. Fixou residência em São Paulo, no bairro da Consolação, morando com o filho José Carlos. Em 1995, voltou para o Rio e foi morar com uma das filhas. Continuou compondo, cantando e lançou um disco. Em janeiro de 1999, recebeu a placa pelos 60 anos de carreira na roda de samba da Cobal do Humaitá. Em agosto, com a morte de sua ex-mulher, entrou em profunda depressão. Morreu a 14 de novembro, aos 78 anos, de falência múltipla dos órgãos.
Dados artísticos
Em 1939, foi pela primeira vez ao Café Nice, levado pelo compositor Luiz Soberano. O Nice era na época o ponto de reunião da vida artística carioca. Lá conheceu Lúcio Batista, Geraldo Pereira e Francisco Alves.
Entre 1940 e 1943, compôs sua primeira marcha carnavalesca: "Se o feio doesse". Em 1946, teve sua primeira composição gravada, o samba "Tio Sam no samba", parceria com Felisberto Martins, Vocalistas Tropicais na Odeon.
Em 1947, Cyro Monteiro gravou na RCA Victor o samba "Vivo bem", parceria com Ari Monteiro.
Em 1951, obteve seu primeiro grande sucesso com o samba "Amor passageiro", parceria com Jorge Abdala gravado por Linda Batista na RCA victor. No mesmo ano, seu samba "Amar é bom", parceria com Jorge Abdala foi gravado na Todamérica pelos Garotos da Lua.
Em 1952, Os Vocalistas Tropicais gravaram seu samba "Tra-la, la, lá", parceria com Felisberto Martins.
Em 1954, ainda trabalhando na construção civil como mestre de obras, sob as ordens do incorporador de prédio André Spitzman Jordan, construtor do célebre Edifício Chopin ao lado do Copacabana Palace, fez sucesso com "Leviana", samba em parceria com Amado Régis gravado por Jamelão na Continental.
Em 1955, sua carreira começou a deslanchar quando seu samba "A voz do morro", gravada por Jorge Goulart e com arranjo de Radamés Gnattali, fez enorme sucesso na trilha do filme "Rio 40 graus", de Nelson Pereira dos Santos. Neste filme, trabalhou também como segundo assistente de câmera e ator.
Em 1956, Marlene gravou seu samba "Samba rasgado", que fazia apologia ao samba. No mesmo ano, Hélio Chaves lançou um disco na Mocambo com duas composições suas: "A voz do morro", em uma de suas primeiras regravações e "Assim é o morro".
Em 1957, a mesma Marlene gravou outro samba, "Quero sambar", que também fazia exaltação ao samba. No mesmo ano, os sambas "Malvadeza Durão" e "Foi ela" foram incluídas no filme "Rio Zona Norte", do diretor Nelson Pereira dos Santos.
Em 1958, seu samba canção "Flor do lodo" foi gravado por Jorge Goulart na RCA Victor. O mesmo samba foi incluído na trilha sonora do filme "O Grande Momento", de Roberto Santos. Ainda em 1958, teve gravados os sambas "Desprêzo", parceria com Moreira da Silva, pelo próprio Moreira da Silva e "Carinho diferente", com Benil Santos, por Gazolina, ambos na Odeon.
Em 1959, o sambista paulista Germano Matias gravou o samba "Malvadeza Durão" na RGE, música que seria regravada com sucesso por Elizeth Cardoso na década de 1960 no LP "Elizeth sobe o morro".
Em 1960, seus sambas "Não sou feliz", parceria com Nelson Cavaquinho; "A voz do morro" e "Lamento de um sambista" foram gravados por Jorge Goulart no LP "Eu sou o samba" da RCA Victor.
Em 1962, teve músicas incluídas na trilha sonora do filme "O Boca de Ouro", de Nelson Pereira dos Santos. No mesmo ano, junto com Cartola, Nélson Cavaquinho, Joacir Santana, Armando Santos e Ventura, participou de um programa na TV Rio com Sérgio Cabral. Foi como um ensaio para o que seria o conjunto "A Voz do Morro". A formação definitiva do conjunto aconteceu em 1963, com Paulinho da Viola, Élton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Anescarzinho do Salgueiro, Nelson Sargento, Oscar Bigode e José da Cruz. No ano seguinte, o conjunto gravou o LP "Roda de Samba". Nessa época, participou das atividades musicais do Zicartola, restaurante de Cartola e Dona Zica, do qual foi diretor musical. O Zicartola atraía sambistas, artistas, intelectuais e a burguesia da Zona Sul carioca. Ali conheceu Carlos Lyra (na época diretor da UNE), com quem compôs "Samba da legalidade", apresentando estes a Nélson Cavaquinho, Élton Medeiros e outros bambas. Com este grupo participou também da luta pelos direitos autorais. Nara Leão, que o conheceu neste bar, gravou "Diz que fui por aí", em seu primeiro disco solo. Acabou se tornando uma ponte entre os sambistas e a intelectualidade.
Em 1964, Ao lado de Nara Leão e João do Vale apresentou-se no Show Opinião, um dos primeiros gritos artísticos de protesto contra o regime militar. Neste show, lançou os sucessos "O Favelado", "Nega Dina" e "Opinião". Este samba inspirou os nomes de um jornal, de um teatro, do grupo que encenou a peça e do segundo elepê de Nara, lançado no final de 1964. No ano seguinte, lançou "Acender as velas", considerada uma de suas melhores composições. Esta música inclui-se entre as músicas de protesto da fase posterior a 1964; desmistificando a beleza do morro, a letra possui um impacto muito forte, criado pelo relato dramático do dia-a-dia da favela. Além de Nara Leão, Elis Regina também obteve enorme sucesso com a gravação desta música. Também em 1964, gravou pelo selo Rozemblit um compacto simples que tinha a música "Nega Dina". Nessa mesma época, recebeu o troféu Euterpe como o melhor compositor carioca e, juntamente com Nelson cavaquinho, o troféu O Guarany, como melhor compositor brasileiro. Em 1965, teve músicas incluídas na trilha sonora do filme "A Falecida", de Leon Hirszman. No mesmo ano, foi lançado pela Musidisc o segundo LP do grupo "A voz do moro".
Em 1966, fez parte da trilha sonora do filme "A Grande Cidade", de Carlos Diégues. No mesmo ano, foi lançado "Os sambistas", pela RGE terceiro e último do grupo "A voz do morro".
Em 1967, a marcha "Máscara negra", gravada por ele mesmo e também por Dalva de Oliveira, foi a música vencedora do carnaval, tirando o 1º lugar no 1º Concurso de Músicas para o Carnaval, criado naquele ano pelo Conselho Superior de MPB do Museu da Imagem e do Som e fazendo grande sucesso nacional. Embora fosse vítima de processo judicial, promovido por Pereira Mattos em relação à autoria do samba, a música veio a ganhar o Carnaval, sendo a mais executada. Numa época em que a música carnavalesca tradicional saía de moda, o sucesso de "Máscara negra" pode ser considerado uma façanha. Tal sucesso gerou uma polêmica em torno da co-autoria da música, que seria de Deusdedith Pereira Matos e não de seu irmão Hildebrando. Em dezembro deste ano, venceu o 2º Concurso de Músicas de Carnaval, no Maracanãzinho, quando um grande juri de especialistas, presidido também por R. C. Albin, então diretor do MIS, escolheu sua música "Amor de Carnaval", que, contudo, não obteve a mesma repercussão da música anterior. Em 12 de fevereiro de 1968, foi eleito Cidadão Samba. Em maio do mesmo ano, "Foi ela" classificou-se na 1ª Bienal do Samba; mas, sob a alegação de não ser inédita, acabou desclassificada. Neste ano, o cantor Paulo Marquez gravou um disco que se chamou "Diz que fui por aí", em sua homenagem.
Em 1969, venceu o Carnaval como intérprete da marcha-rancho "Avenida iluminada". No início da década de 1970, fazia parte da Ala dos Compositores da Portela ao lado de Monarco, Candeia, Paulinho da Viola, João Nogueira, Wilson Moreira, entre outros. Ainda em 1970, Paulinho da Viola fez sucesso com seu samba "O meu pecado".
Em 1971, lançou o LP Os Grandes Sucessos de Zé Kéti com o conhecido samba "Drama Universal". Abandonou a Portela em 1973, por causa da classificação de seu samba, que então perdeu a disputa para o enredo "O Mundo Melhor de Pixinguinha", de Jair Amorim e Evaldo Gouveia. No mesmo ano, lançou o LP "Zé Kéti", com destaque paras as músicas "Antigamente era assim", "Mascarada"; "Meu pecado" e "Nega Dina".
Em 1975, participou com Bibi Ferreira da remontagem do show "Opinião" com as participações de João do Vale e Marília Medalha.
Em 1976, mudou-se para São Paulo onde freqüentemente apresentava-se em shows, entre os quais, o espetáculo "Eu sou o samba ", na Boate Jogral. No mesmo ano, ganhou da Riotur o premio de melhor compositor carnavalesco com o samba "Amor e fantasia".
Em 1979, lançou pela Continental o LP "Identificação", cuja capa reproduz um documento seu de identidade, com composições inéditas, com destaque para "Tamborim", com Mourão Filho; "Feijão malandrinho", com José Carlos Rego; "Eu vou para a Bahia", com Ramos e "Meus cabelos brancos", com Geraldo Gomes.
Em 1982, lançou novo disco, desta vez pelo selo Itamaraty, no qual relançou antigos sucesso como "Acender as velas", "Peço licença", "Malvadeza Durão" e "Drama universal". Em 1990, estreou o show "Estamos Vivos - Uma Questão de Opinião", em São Paulo.
Em 1993, escreveu e montou com a colaboração da poetisa Maria da Penha Varella o espetáculo "Opinião Pública", encenado em maio, no Centro Cultural Jabaquara. Voltou para o Rio em 1994. No ano seguinte, recebeu o troféu na Câmara dos Deputados do Rio de Janeiro.
Em 1996, lançou o CD "75 Anos de Samba", com participação de Zeca Pagodinho, Monarco, Wilson Moreira e Cristina Buarque. Este CD foi produzido por Henrique Cazes, com quatro músicas inéditas e vários sucessos antigos. Nesse mesmo ano, subiu ao palco com Marisa Monte e a Velha Guarda da Portela e interpretou com enorme sucesso alguns clássicos do samba, como "A voz do morro" e "O mundo é um moinho", de Cartola, entre outros. Recebeu, ainda, a medalha Pedro Ernesto nas comemorações dos 30 anos do Teatro Opinião.
Em 1997, o cantor Zé Renato lançou, com muito sucesso, o disco "Natural do Rio de Janeiro", com 14 músicas suas, gravadas com assistência de Élton Medeiros. Neste ano, completou 60 anos de carreira e foi homenageado com o show "Na Casa de Noca", na Gávea, Rio de Janeiro. Ainda em 1997, recebeu da Escola de Samba Portela um troféu em reconhecimento pelo seu trabalho e participou da gravação do disco Casa da Mãe Joana.
Em 1998, ganhou o Prêmio Shell pelo conjunto de sua obra: mais de 200 músicas. Nesta noite foi homenageado por muitos músicos da Portela, entre eles, Paulinho da Viola, Élton Medeiros, Monarco e a própria Velha Guarda, em show dirigido por Sérgio Cabral e encenado, em noite única, no Canecão do RJ.
Em 2001, em comemorações aos 80 anos de seu nascimento foi homenageado com o lançamento de uma minibiografia sua assinada por Nei Lopes para a coleção "Perfis do Rio". No mesmo ano, foi homenageado durante um mês pelo Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro com quatro shows revisitando sua obra: "Zé Kéti e o cinema", com Dona Ivone Lara e Zé Renato; "Zé Kéti: Um sambista de 4 opinião e Zicartola", com Noca da Portela e Marília Medalha; "Zé Kéti e a boemia", com Elton Medeiros e Tereza Cristina e "Zé Kéti: A voz domorro", com a Velha Guarda do Império Serrano. Foi apresentada ainda a exposição "Diz que fui por aí", com fotos de sua vida e carreira.
Em 2007, sua obra foi relembrada com o lançamento de um DVD do programa "Ensaio" apresentado por Fernando Faro na TVE. Foi também o grande homenageado pelo prêmio Tim de Música. Na ocasião foram interpretados clássicos de sua autoria. Milton Nascimento cantou "Opinião", Negra Lee e Elton Medeiros cantaram em dueto "Acender as velas" e "Leviana", e Gilberto Gil empolgou a platéia ao cantar "A voz do morro". No encerramento, Lenine e Roberta Sá cantaram a marcha "Máscara Negra".
Em 2011, foi homenageado pela Academia Brasileira de Letras dentro do projeto "MPB na ABL" com o espetáculo "Opinião" apresentado pelo grupo Samba de Fato com a participação especial do cantor Zé Renato. Na ocasião foram interpretadas sua composições "Opinião"; "Acender as velas"; "Em tempo"; "Coisa com coisa"; "Leviana"; "Peço licença"; "Amor passageiro", com Jorge Abdala; "Diz que fui por aí"; "Meu pecado"; "Sorri", com Elton Medeiros; "Madrugada"; "Malvadeza Durão"; "Foi ela"; "Mascarada", com Elton Medeiros; "Nega Dina"; "Máscara negra" e "Voz do morro". Também em 2011, por ocasião das comemorações dos seus 90 anos de nascimento foi homenageado com o espetáculo musical "Zé Kéti - Eu sou o samba", com texto de Maria Helena Kuuhner e direção de Sergio Fonta. O espetáculo passou pela Sala Baden Powell, Academia Brasileira de Letras e Sesc-Tijuca, além de apresentações pelo interior do estado.
Em 2013, o espetáculo "Zé Kéti - Eu sou o samba" retornou ao cartaz para apresentação única no Teatro Rival BR. Em 2014, em comemoração aos seus 93 anos de nascimento foi homenageado com um show no Cordão do Bola Preta, que contou com a presença de, entre outros, o sambista Noca da Portela, interpretando sucessos como "Nega Dina" e "Diz que fui por aí".
Obra
A Felicidade vem depois
A Voz do morro
Acender as velas
Adeus à Velha
Amar é bom (c/ Jorge Abdala)
Amor de carnaval
Amor e fantasia
Amor passageiro
Antigamente era assim
As moças do meu tempo
Assim é o morro
Bálsamo da vida
Bloco do lá e cá
Bó-dó
Bola branca
Brincando com a bateria
Cabo José
Cai no samba
Caranguejo
Carinho diferente (c/ Benil Santos)
Carnaval, amor e fantasia
Choro sim
Churrasquinho
Chuva de prata
Cicatriz (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Clementina de Jesus
Coisa com coisa
Companheira (c/ Dabliu Namor)
Dama da noite
Dama de ouros
Decepção
Despedida de solteiro
Desprezo
Desquite
Diz que fui por aí (c/ Hortêncio Rocha)
Drama universal
Egoísmo
Em tempo
Esta favela que eu amo
Eu vou para a Bahia (c/ Ramos
Eu vou partir
Fantástico
Favela dos meus amores
Feijão malandrinho (c/ José Carlos Rego)
Flor do lodo
Foi ela
Força branca
Francês no samba
Garotos de rua
Gracinha
Injúria
Jaqueira da Portela
Justiça
Lamento de um sambista
Lei trabalhista
Leviana
Linhas cruzadas (c/ Carlos Santos)
Madrugada
Mágoa de sambista
Mais meia hora
Malvadeza Durão
Marcha da democracia
Marcha do Rio 40 Graus
Maria
Maria da Penha
Máscara negra (c/ Hildebrando Pereira Matos)
Mascarada (c/ Élton Medeiros)
Meus cabelos brancos (c/ Geraldo Gomes)
Mexi com ela
Motorista de praça
Mulato certo
Não sou feliz (c/ Nélson Cavaquinho)
Natalino José do Nascimento
Nega Dina
No meio da lua
Noite de amor
Nós vamos assim
Nosso carnaval
Novo amor
O Assalto
O Favelado
O Meu pecado
O samba não morreu
Onde o Rio é mais carioca
Opinião
Peço licença
Poema de botequim
Ponte aérea
Portela feliz
Praça 11, berço do samba
Prece de esperança
Psiquiatria (c/ Élton Medeiros)
Quatrocentos anos de favela
Quero sambar
Regenerado
Resignação
Romance proibido
Rugendas
Samba da coroa
Samba da legalidade (c/ Carlos Lyra)
Samba original (c/ Élton Medeiros)
Samba rasgado
Samba, samba, samba
Sambando em Paris
Se o feio doesse
Seresteiro
Sorri
Tamborim (c/ Mourão Filho)
Tarde demais (c/ Monarco)
Tempo perdido
Tio Sam no samba (c/ Felisberto Martins)
Todo ano é assim
Tra-la-la-lá
Tubinho
Turma do arrastão
Último momento
Venenos
Vigarista de terreiro
Viver
Vivo bem (c/ Ari Monteiro)
Você não está com nada (c/ David Raw)
Você não foi legal (c/ Celso Castro)
Volks verde
Vou dizer-te adeus
Zé da madrugada
Discografia
(1997) Zé Kéti
(1996) 75 Anos de Samba • Rio Arte Musical • CD
(1982) Zé Kéti • Itramaraty • LP
(1979) Identificação • Continental • LP
(1973) Zé Kéti • LP
(1971) Os Grandes Sucessos de Zé Kéti • CID • LP
(1964) A Voz do Morro • Musidisc • LP
(1964) Nega Dina • Rozemblit • Compacto simples
Shows
Estamos Vivos - Uma Questão de Opinião (c/ Deivy Rose). Direção de Luiz Carlos Bahia, SP.
Bibliografia Crítica
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
LOPES, Nei: Zé Kéti. Coleção Perfis do Rio. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2000.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume 2. São Paulo: Editora: 34, 1999.
Crítica
Atento ao seu povo e ao seu tempo, o poeta Zé Kéti mostrou-se um verdadeiro cronista. Vistos principalmente de cima do morro, problemas do Rio e do Brasil foram registrados em seu canto. Não nasceu no morro, mas teve oportunidade de ali viver por um tempo, ou mesmo sempre frequentar.
Assim, passa a compreender aquele universo marginalizado. Em “Acender as velas”, por exemplo, denuncia a miséria que matava as crianças, em vista da desassistência e dificuldades.
“É mais um coração/ Que deixa de bater/
Um anjo vai pro céu (...) O doutor chegou tarde demais/ Porque no morro/
Não tem automóvel pra subir/ Não tem telefone pra chamar/ E não tem beleza
pra se ver/ A gente morre sem querer morrer”. É claro que hoje o morro não
é bem assim. Os problemas são outros. No samba “Os Tempos Mudaram”, samba
feito há mais de 15 anos, Zé Kéti denuncia a criminalidade, que, aliás,
persiste: “Já não se pode andar nas ruas da cidade/ Meu povo está com
medo/ Do Rio de Janeiro antigo só saudade/ (...) Meu samba está de luto/
Envergonhado com a criminalidade.” Mas não fica só no Rio: “Qualquer
cidade grande/ Sofre do mesmo mal/ Na Avenida São João/ No cruzamento da
Ipiranga/ Os trombadinhas vão correndo/ Do policial/ Até chegar a
marginal” E termina: “De norte a sul do meu país/ Não há mais coração
feliz/ O rico assalta por vaidade/ Na impunidade/ E o pobre por
necessidade.” Precisa dizer mais alguma coisa? São muitas a crônicas
deixadas por esse sambista, sensível e muito ligado ao mundo que o
cercava. Esses dois sambas aqui mostrados são parcos exemplos, mas que dão
bem a grandiosidade desse poeta-cidadão.
Pecê Ribeiro
Um anjo vai pro céu (...) O doutor chegou tarde demais/ Porque no morro/
Não tem automóvel pra subir/ Não tem telefone pra chamar/ E não tem beleza
pra se ver/ A gente morre sem querer morrer”. É claro que hoje o morro não
é bem assim. Os problemas são outros. No samba “Os Tempos Mudaram”, samba
feito há mais de 15 anos, Zé Kéti denuncia a criminalidade, que, aliás,
persiste: “Já não se pode andar nas ruas da cidade/ Meu povo está com
medo/ Do Rio de Janeiro antigo só saudade/ (...) Meu samba está de luto/
Envergonhado com a criminalidade.” Mas não fica só no Rio: “Qualquer
cidade grande/ Sofre do mesmo mal/ Na Avenida São João/ No cruzamento da
Ipiranga/ Os trombadinhas vão correndo/ Do policial/ Até chegar a
marginal” E termina: “De norte a sul do meu país/ Não há mais coração
feliz/ O rico assalta por vaidade/ Na impunidade/ E o pobre por
necessidade.” Precisa dizer mais alguma coisa? São muitas a crônicas
deixadas por esse sambista, sensível e muito ligado ao mundo que o
cercava. Esses dois sambas aqui mostrados são parcos exemplos, mas que dão
bem a grandiosidade desse poeta-cidadão.
Pecê Ribeiro